Uma descoberta japonesa está lançando luz sobre o tipo mais comum de asteroide no Sistema Solar, de acordo com um novo estudo publicado na revista Science. A revelação veio após uma sonda japonesa fragmentar parte do corpo celeste usando uma bala de canhão.
Três quartos dos asteroides que conhecemos são compostos por rochas carbonáceas, ou rochas do tipo C. Essas rochas são relíquias dos princípios do Sistema Solar. Segundo pesquisas anteriores, elas contêm material primordial da nebulosa que deu à luz o Sol e seus planetas há cerca de 4,6 bilhões de anos. Para entender a formação planetária, o estudo desses asteroides é fundamental.
A fim de compreender melhor sobre os asteroides tipo C, a JAXA (agência espacial japonesa) enviou a sonda Hayabusa2 para Ryugu, um corpo celeste de 850 metros de largura próximo à Terra. Seu nome refere-se a um castelo mágico subaquático de um conto popular japonês, e significa “palácio do dragão”.
A sonda chegou a Ryugu em 2018, primeiro para digitalizá-lo enquanto orbitava o asteroide e implantar vários veículos móveis em solo. Assim, os cientistas descobriram que Ryugu é uma pilha de entulho muito porosa, com cerca de 50% de espaço vazio.
Para esclarecer a composição e estrutura de Ryugu, a Hayabusa2 lançou uma bala de canhão de cobre de 2 kg, um pouco maior que uma bola de tênis, a cerca de 4.400 km/h. O impacto criou uma cratera artificial e expôs material intocado sob a superfície do asteroide para análise remota e levantou uma nuvem de material ejetado. As câmeras da sonda registraram o momento.
A quantidade e tamanho das crateras de asteroides como esse podem ajudar os pesquisadores a estimar a idade e as propriedades de suas superfícies. Essas análises se baseiam em modelos da formação dessas crateras, e dados de impacto artificiais, como o causado pela Hayabusa2, podem ajudar a testar esses modelos.
Impacto profundo
A bala de canhão, chamada de Small Carry-on Impact (SCI), abriu uma cratera de 0,6 metros de profundidade e 14,5 metros de largura, com uma borda elevada e um poço cônico central de três metros de largura. Segundo os cientistas, a cratera foi sete vezes maior do que se esperaria de um evento similar na Terra.
A cratera superficial tinha formato semicircular e a cortina de poeira era assimétrica, sugerindo que havia uma grande rocha enterrada perto do local do impacto. Essa conclusão corresponde à imagem que os pesquisadores tinham de Ryugu.
As características apresentadas sugerem que o crescimento de uma cratera é limitado pela gravidade do asteroide, não pela força da superfície da rocha espacial. Isso, por sua vez, mostra que Ryugu tem uma superfície relativamente fraca, como areia solta.
Tais descobertas sugerem que o asteroide tem cerca de 8,9 milhões de anos, enquanto outros modelos estimavam cerca de 158 milhões de anos. No geral, embora Ryugu seja feito de materiais com até 4,6 bilhões de anos, o asteroide pode ter se unido aos restos de outros corpos celestes há apenas 10 milhões de anos, ainda de acordo com a pesquisa.
Via: Space.com