Em fevereiro de 1987, uma supernova espetacular, visível até mesmo a olho nu, mostrou a morte de uma estrela massiva na Grande Nuvem de Magalhães, a 167 mil anos-luz da Terra. Porém, a estrela de nêutrons que deveria ter surgido não foi vista. Agora, depois de 33 anos, os astrônomos finalmente conseguiram vê-la, escondida atrás de uma espessa nuvem de poeira.
Na época, a explosão da estrela supergigante azul Sanduleak -69202, com cerca de 20 vezes a massa do Sol, aconteceu inicialmente da forma esperada. O evento deu origem a uma supernova brilhante, chamada SN 1987ª. Porém, no centro, faltava a estrela recém-nascida. Até que, em novembro do ano passado, pesquisadores da Universidade de Cardiff anunciaram que encontraram uma bolha quente e brilhante no núcleo da explosão.
“Ficamos muito surpresos ao ver esta bolha quente feita por uma espessa nuvem de poeira no remanescente da supernova. Tem que haver algo na nuvem que aqueça a poeira e faça brilhar. É por isso que sugerimos que exista uma estrela de nêutrons escondida”, explicou um dos pesquisadores, Mikako Matsuura. Porém, apesar do avanço, o objeto talvez fosse brilhante demais para uma estrela de nêutrons.
Novo estudo
Com essas informações, o astrofísico Dany Page, da Universidade Nacional Autônoma do México, iniciou uma pesquisa que resultou em um novo artigo mostrando que, teoricamente, a bolha brilhante pode realmente ser a estrela de nêutrons. Segundo seus estudos, o brilho é consistente com a emissão térmica de uma estrela de nêutrons muito jovem, ainda muito quente por conta da explosão.
“Apesar da complexidade, a detecção de uma nuvem quente de poeira é uma confirmação de várias previsões”, destacou Page. O calor de cerca de 5 milhões de graus Celsius e a localização da estrela, que se afasta do centro da supernova a uma velocidade de 700 km/s, são algumas delas. A equipe também tentou encontrar outros cenários possíveis, como um pulsar ou um buraco negro. Porém, nenhum deles se encaixa nos dados.
Após 33 anos, pesquisadores encontram estrela de nêutron perdida. Foto: ALMA [ESO / NAOJ / NRAO], P. Cigan e R. Indebetouw; NRAO / AUI / NSF, B. Saxton; NASA / ESA
Por fim, os pesquisadores determinaram que a NS 1987A, como foi chamada, possui cerca de 25 km de diâmetro e 1,38 massa solar. Com a definição de que realmente é uma estrela de nêutron, ela se torna a mais jovem já encontrada. Isso a torna muito importante para estudos sobre o estágio metamórfico de evolução estelar.
“Comparamos todas as possibilidades e concluímos que uma estrela quente de nêutrons é a explicação mais provável”, concluiu James Lattimer, astrônomo da Stony Brook University. Apesar disso, uma observação direta, que realmente confirmaria a descoberta, ainda não é possível. Por conta disso, os astrônomos vão observá-la por décadas para ver o que emerge da poeira.
Via: Science Alert