Lua pode ter ‘irmão gêmeo’ na órbita de Marte

Hipótese foi levantada por causa do reflexo do asteroide (101429) 1998 VF31 no Sol; corpo celeste também pode dar pistas sobre a origem do Sistema Solar
Leticia Riente04/11/2020 13h04, atualizada em 04/11/2020 14h37

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Um novo estudo desenvolvido por astrônomos do Observatório e Planetário Armagh (AOP, na sigla em inglês), na Irlanda do Norte, revela que um asteroide que orbita Marte pode ser uma espécie de irmão gêmeo da nossa Lua. Seu modo de refletir faz com que os cientistas acreditem que ele também pode falar muito sobre a história do nosso Sistema Solar. A pesquisa foi publicada na revista científica Ícaro.

Trata-se do asteroide (101429) 1998 VF31, que faz parte de um grupo de outros corpos celestes deste tipo e que também compartilham a órbita do planeta vermelho. Estes asteroides são conhecidos como Trojans, que caem em regiões gravitacionalmente equilibradas no espaço de planetas. Cabe destacar que a maioria dos Trojans conhecidos compartilham a órbita de Júpiter, mas a própria Terra e Marte também possuem corpos desta natureza orbitando em si.

A questão é que, de acordo com o estudo dos cientistas do AOP, (101429) 1998 VF31 é o único asteroide a participar deste grupo que está orbitando diretamente atrás de Marte, enquanto o planeta vermelho orbita o Sol.

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Lua pode ter um ‘irmão gêmeo’ perdido em Marte. Créditos: Nasa/Divulgação

Reflexo do asteroide

A descoberta foi possível por meio do reflexo do asteroide em relação ao Sol. Para isso, os pesquisadores utilizaram o espectrógrafo chamado X-Shooter no Very Large Telescope do European Southern Observatory (VLT, na sigla em inglês), instalado no Chile. Com as observações, foi possível concluir que “o espectro deste asteroide em particular parece ser quase um sinal de morte para partes da Lua onde há leito rochoso exposto, como o interior de crateras e montanhas”, disse o astroquímico do AOP, Galin Borisov.

O cientista ressaltou que, apesar de não se ter certeza destes aspectos, é relevante suspeitar que as origens dos corpo celestes estejam de algum lugar distante de Marte, sendo que 101429 representaria um “fragmento de relíquia da crosta sólida original da Lua”.

Mas se esta teoria realmente estiver certa, a grande indagação é como o irmão gêmeo perdido da Lua foi parar unido ao planeta vermelho.

Reprodução

(101429) 1998 VF31 pode revelar origem do Sistema Solar. Créditos: Mopic/Shutterstock

Mas a origem do asteroide também pode dizer muito sobre o nascimento do nosso Sistema Solar. “O início do Sistema Solar era muito diferente do lugar que vemos hoje”, ressalta o principal autor do estudo, o astrônomo Apostolos Christou. “O espaço entre os planetas recém-formados estava cheio de destroços e as colisões eram comuns. Grandes asteroides [planetesimais] atingiam constantemente a Lua e os outros planetas. Um fragmento dessa colisão poderia ter atingido a órbita de Marte quando o planeta estava ainda se formando e estava preso em suas nuvens de Tróia”, acrescentou.

Outras explicações

Embora a primeira hipótese de formação do Sistema Solar seja cativante, os estudiosos também abrem outro leque frente ao 101429. Segundo eles, também é possível que o asteroide represente algum fragmento de Marte cortado por um tipo de incidente, que pode ter impactado o planeta vermelho. Este impacto teria ocorrido por meio de intemperismo de radiação solar, que o tornou parecido com a Lua.

Ainda vale lembrar que espectrógrafos mais poderosos podem ser capazes de esclarecer mais sobre a ascendência espacial do corpo celeste, assim como uma futura visita de nave espacial também poderia.

Via: Science Alert

Colaboração para o Olhar Digital

Leticia Riente é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital