O Big Bang não foi o começo de tudo. Antes dele, havia algo de que nós tomamos o lugar e, provavelmente, esse “algo” é para onde retornaremos no fim. Ao menos, é o que defende o físico e matemático Roger Penrose, vencedor do Prêmio Nobel de Física por seu trabalho no estudo dos buracos negros.

Segundo a visão do especialista, o nosso universo está em constante expansão, seguindo este curso até que toda a sua massa acabe por decair, dando lugar a algo diferente: “(…) Nesta teoria maluca minha, esse futuro remoto será o ‘Big Bang’ de outra era”, afirmou em entrevista ao Telegraph.

As evidências que fundamentam a teoria de Penrose residem, segundo o próprio, nos inúmeros buracos negros que existem desde antes do nosso universo, mas que se aproximam dos fins de suas próprias vidas, vazando radiação à medida que se esgotam por completo.

Reprodução

Roger Penrose, vencedor do Prêmio Nobel de Física em 2020 pelo seu trabalho no estudo sobre buracos negros. Foto: Biswarup Ganguly/Creative Commons

 

“O nosso Big Bang começou com algo que foi o futuro mais remoto de uma era anterior e que também apresentava buracos negros que estavam se esgotando, por meio da ‘evaporação de Hawking’, e eles vieram a criar esses pontos no céu, os quais chamei de ‘Pontos de Hawking’”, disse o vencedor do Nobel.

A “evaporação” a que Penrose se refere provavelmente é a “Radiação Hawking”, um conceito criado por Stephen Hawking (1942-2018) para explicar os efeitos quânticos sofridos por buracos negros quando estes se aproximam do fim de suas vidas, ressaltando especificamente sua perda de energia.

Penrose, que venceu o Nobel após provar que buracos negros existem de fato, disse ter encontrado seis “pontos aquecidos” no céu – os tais “Pontos Hawking” – com diâmetro várias vezes maior que a Lua.

O físico afirma que o tempo necessário para que um buraco negro “evapore”, liberando sua energia, é potencialmente maior do que a idade do universo, o que o torna impossível de ser detectado. Entretanto, é de seu entendimento que buracos negros de universos anteriores possam agora ser observados. “Nós estamos enxergando-os”, ele disse. “Esses pontos têm cerca de oito vezes o diâmetro da Lua e consistem de regiões ligeiramente aquecidas. Há evidências bem fortes de pelo menos seis destes pontos”.

Reprodução

Comprovação da existência dos buracos negros pode ser evidência de que haviam universos anteriores ao Big Bang. Foto: REDPIXEL.PL/ Shutterstock

Embora difícil de comprovar, muitos cientistas que dedicaram suas carreiras ao estudo da física astronômica concordam que o universo reside em um ciclo perpétuo de morte e renovação – com teorias sobre o “Grande Colapso” (o universo se expande, depois se retrai para iniciar outra expansão) e “A Morte por Aquecimento”, onde as energias termodinâmicas encontrariam um estado de liberação completa, tornando-se inertes demais para conduzirem trabalho.

Sobre os buracos negros

Até 1964, os buracos negros existiam apenas como fundamentação teórica – com o próprio Albert Einstein dispensando-os anos antes. Foi no referido ano que Penrose propôs que os buracos negros eram uma inevitável consequência da relatividade.

Ele conseguiu comprovar que, quando objetos se tornam densos demais, passam por um colapso gravitacional até atingirem um ponto de “massa infinita”, onde todas as leis conhecidas da natureza deixam de funcionar. Seu trabalho é um dos mais importantes do campo desde a concepção da Teoria da Relatividade.

Sobre seu reconhecimento ao vencer o Prêmio Nobel, Penrose disse: “Eu acho ruim a ideia de ganhar um Nobel cedo demais. Eu conheço cientistas que venceram o prêmio muito antecipadamente e isso estragou suas ciências. Se você vai ganhar um Prêmio Nobel, é bom fazê-lo quando você já está velho, absolutamente realizado, mas quando ainda tem algo a fazer. Esse é meu conselho”.

Fonte: Futurism