Apesar do que a SpaceX sugere com o projeto Starlink, não é preciso uma constelação de satélites para fornecer internet para o mundo todo. Pesquisas apontam que apenas quatro desses dispositivos são suficientes para que esse fornecimento atinja a escala global.

Entretanto, para que isso seja possível, há um grande obstáculo: o custo. Para que um dispositivo desse tipo fique na posição ideal, é necessário um grande poder de propulsão para estabilizar sua órbita – esse sistema torna o satélite muito caro.

Além disso, vários fatores trabalham para degradar a órbita de um satélite. Isso inclui desgaste natural, perturbações no campo de gravidade da Terra, interferência do Sol e da Lua na atração gravitacional e até pressão causada pela radiação solar.

Para tentar diminuir esse custo, um novo estudo, liderado por engenheiros da The Aerospace Corporation, propõe uma abordagem contra-intuitiva, que transforma essas forças degradantes em forças que realmente ajudem a manter esses satélites em órbita. Se as soluções apontadas funcionassem, seria muito mais barato manter quatro equipamentos fornecendo cobertura global por uma fração do custo.

Patrick Reed, líder do estudo, queria tornar as órbitas mais circulares, permitindo que satélites permanecessem em posição com menos manobras de propulsão. Para isso, foram realizadas simulações para determinar quais configurações orbitais poderiam transformar forças degradantes em forças que realmente promoviam uma órbita circular e estável.

Após analisar as simulações usando o supercomputador Blue Waters, da Universidade de Illinois, foram encontrados dois modelos que poderiam funcionar. Em um deles, os satélites completam uma órbita em um período de 24 horas, a uma altitude de 35 mil quilômetros, e alcançam a cobertura contínua de 86% do globo. O outro modelo aponta que os objetos trabalham em um período de 48 horas, a uma altitude de 67 mil quilômetros, cobrindo 95% do planeta. Quaisquer áreas que sofressem com interrupções, não enfrentariam mais que 80 minutos de inatividade por dia.

Usando qualquer um desses sistemas, os satélites precisariam de, cerca de, 60% menos propulsão durante todo o período em que ficassem orbitando. Isso reduziria potencialmente sua massa em mais de 50%, tornando-o mais fácil de construir e de operar.

Reed diz que o trabalho foi motivado pelo desejo de permitir que países ou empresas menores operem “constelações” de satélites, que oferecem cobertura quase contínua. O argumento é que, com os custos baixos, seria mais fácil para esses grupos construírem, lançarem, operarem e rastrearem apenas alguns satélites em uma órbita mais alta, em comparação com uma constelação de milhares em órbita baixa.

Entretanto, os novos modelos são apenas possibilidades teóricas, por mais interessantes que sejam. No mundo real, os obstáculos econômicos e de engenharia podem diminuir as esperanças de uma solução fácil.

Via: Technology Review