Cientistas descobrem ‘cópia’ do Sol e da Terra a 30 mil anos-luz daqui

Estrela Kepler-160 tem características quase idênticas às do nosso Sol. KOI-456.04 seria uma 'super Terra' na zona habitável da estrela, recebendo quase tanta luz quanto nosso planeta
Rafael Rigues05/06/2020 12h32

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Astrônomos do Instituto Max Planck para Pesquisa sobre o Sistema Solar (MPS) em Göttingen, na Alemanha, anunciaram a descoberta de ‘cópias’ da Terra e do Sol em um sistema estelar a 30 mil anos-luz daqui.

A estrela, chamada Kepler-160, fica na constelação de Lira. Tem 1,1 vezes o tamanho de nosso Sol, temperatura na superfície de 5.200 graus (apenas 300 graus menor que a do Sol) e emite energia na forma de luz visível, ao contrário das anãs-vermelhas, que comumente abrigam exoplanetas, mas emitem luz infravermelha.

Já sabíamos, há cerca de seis anos, que ela abriga dois exoplanetas chamados Kepler-160b e Kepler-160c, muito maiores que a Terra e próximos demais de sua estrela para abrigar vida. Mas uma minúscula variação no período orbital de Kepler-160c deu aos astrônomos uma pista de que havia algo mais orbitando a estrela.

A equipe, composta por pesquisadores norte-americanos e alemães, analisou dados de observações passadas de Kepler-160b usando uma nova técnica e descobriu mais dois exoplanetas. Um deles, Kepler-160d, pode ser o responsável pelas variações na órbita de Kepler-160c, mas até o momento só foi observado indiretamente.

Reprodução

Telescópio espacial Kepler, nosso primeiro “caçador de planetas”. Fonte: Nasa

Entretanto, é um quarto objeto, chamado KOI-456.04, que chama a atenção. Os dados apontam, com 85% de confiança, que se trata de um exoplaneta com cerca de duas vezes a massa da Terra, recebendo de sua estrela 93% da energia que nosso planeta recebe do Sol e com período orbital de 378 dias. Isso o coloca em uma posição quase idêntica à da Terra na “zona habitável” de sua estrela, a região do espaço onde a água pode existir em forma líquida, uma das condições para a vida como a conhecemos.

“KOI-456.04 é relativamente grande comparado a muitos outros planetas que são considerados potencialmente habitáveis. Mas é a combinação de seu tamanho, pouco menos que o dobro do da Terra, e sua estrela similar ao Sol que o tornam tão especial e familiar”, diz o Dr. René Heller, cientista do MPS e autor principal do estudo.

Se KOI-456.04 tiver uma atmosfera principalmente inerte e com um leve “efeito estufa”, como na Terra, isso significa que ele poderia ter uma temperatura média em sua superfície de 5 ºC, apenas 10 graus a menos que a da Terra.

Entretanto, mais observações são necessárias para confirmar as características de KOI-456.04. Isso poderá ser feito com a missão Plato, da Agência Espacial Européia (ESA), um observatório espacial que será lançado em 2026.

Fonte: Phys.org

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital