Buraco na camada de ozônio sobre o Ártico se fechou

Com o aumento da temperatura na região e a consequente diminuição na força do vórtice polar de ar frio que vinha se acumulando ao longo dos meses, a camada protetora da Terra conseguiu se curar
Renato Mota28/04/2020 20h50

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Um buraco na camada de ozônio, que surgiu no Ártico em março deste ano, está “curado” de acordo com dados coletados pelo satélite Copernicus, da Comissão Europeia. O fenômeno, que é raro nos céus da região, foi o maior já registrado e era quase tão grande quanto o que se forma anualmente sobre a Antártica.

A camada de ozônio age como filtro solar para a Terra, protegendo o planeta da radiação ultravioleta prejudicial aos seres vivos. A descoberta do buraco na camada de ozônio da Antártica estimulou um esforço global para reduzir o uso de produtos químicos nocivos que contribuem para a abertura – especialmente os clorofluorcarbonos (CFC)

O buraco no Ártico, de acordo com os pesquisadores, não está relacionado à atividade humana, mas ao que a Agência Espacial Europeia (ESA) chamou de “condições atmosféricas incomuns” para o Hemisfério Norte, incluindo um poderoso vórtice polar de ar frio que, quando diminuiu de força, permitiu que o buraco fosse capaz de se fechar.

“O esgotamento do ozônio no Ártico em 2020 foi tão grave que a maior parte do ozônio na camada a uma altitude de cerca de 18 km foi esgotada”, explicou o Serviço Europeu de Monitoramento da Atmosfera, em comunicado.

O buraco na camada de ozônio na Antártica é causado principalmente por produtos químicos produzidos pelo homem, incluindo cloro e bromo, que migram para a estratosfera (entre 10 km e 50 km acima do nível do mar). Esses produtos químicos se acumulam dentro do forte vórtice polar que se desenvolve sobre a Antártica todo inverno, onde permanecem quimicamente inativos.

As temperaturas nesse vórtice podem cair abaixo de -78 °C e as nuvens estratosféricas polares podem se formar, desempenhando um papel importante nas reações químicas com as substâncias produzidas pelo homem e que levam ao esgotamento do ozônio.

A estratosfera do Ártico é geralmente menos isolada, porque a presença de massas terrestres e cordilheiras próximas modifica os padrões climáticos de maneira mais drástica do que no Hemisfério Sul. Isso explica por que o vórtice polar no Hemisfério Norte é geralmente mais fraco e as temperaturas não caem tão baixo.

Em 2020 isso foi diferente, e o vórtice polar do Ártico foi excepcionalmente forte, além de mais duradouro. Soma-se a isso temperaturas mais baixas por vários meses seguidos na estratosfera do Ártico e maior formação de nuvens estratosféricas polares, resultando em grandes perdas de ozônio.

Enquanto o buraco no Ártico está se curando, o buraco na Antártica continua sendo uma preocupação. A Nasa anunciou em 2018 a primeira prova direta de recuperação de ozônio devido à proibição de produtos químicos. O buraco de 2019 foi o menor já registrado, mas o processo de cicatrização ainda deve levar décadas.

Via: CNet/AMS

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital