Astrônomos detectam um novo tipo de asteroide

Além das características rochosas, os pesquisadores encontraram elementos de um cometa, como a presença de uma cauda
Luiz Nogueira21/05/2020 14h01

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Para nós, cometas e asteroides fazem parte de categorias bastante delineadas, com características próprias. No entanto, um corpo rochoso recém-descoberto pode colocar em xeque tudo o que sabíamos até então.

Os cometas possuem órbitas longas e são carregados com gelo que, quando sublimam, formam uma auréola e uma cauda enevoada – isso acontece normalmente quando se aproximam do Sol. Os asteroides, por outro lado, são geralmente rochosos, secos e insertes, com órbitas semelhantes às dos planetas.

Conhecido como 2019 LD2, o asteroide apresenta propriedades bastante distintas – e até parecidas com um cometa, por ter uma cauda. O evento é bastante raro, mas já foi observado. Porém, o que intrigou os especialistas foi o lugar em que ele foi encontrado.

Reprodução

Asteroide encontrado orbitando Júpiter. Foto: Atlas/University of Hawai

O objeto faz parte dos asteroides troianos de Júpiter, um conjunto de corpos rochosos que orbitam o maior planeta do Sistema Solar. Isso faz com que ele seja o primeiro dentre os asteroides orbitais de Júpiter a soltar gás como um cometa.

O 2019 LD2 chamou a atenção dos astrônomos pela primeira vez no início de junho do ano passado, quando o Sistema de Alerta Terrestre de Impacto de Asteroide (Atlas), situado no Havaí, detectou um sinal fraco e novo que parecia vir dos “troianos de Júpiter”. Com observações minuciosas, foram descobertas as intrigantes características que o aproximavam de um cometa.

No entanto, estudos mais aprofundados tiveram de ser suspensos quando os asteroides se moveram de maneira que não pudessem mais ser observados. Com o ressurgimento recente, as pesquisas foram retomadas.

Explicação para o fenômeno

Pensa-se que os asteroides que orbitam Júpiter podem ter surgido há cerca de quatro bilhões de anos, um período em que se pensa que os planetas do Sistema Solar estavam migrando para sua posição atual. Se o 2019 LD2 compartilha o espaço com o planeta joviano há tanto tempo, qualquer gelo presente em sua superfície já teria desaparecido. No entanto, aparentemente, não foi o que aconteceu.

“Acreditamos que os asteroides devem ter grandes quantidades de gelo sob suas superfícies, mas nunca tivemos nenhuma evidência até agora”, disse Alan Fitzsimmons, astrônomo da Queen’s University Belfast, na Irlanda.

Considerando isso, o que pode ter acontecido é que o asteroide se chocou com outro corpo rochoso. Com isso, o impacto pode ter desintegrado uma parte e exposto a camada de gelo interior – que agora está sublimando.

Também é possível que o 2019 LD2 tenha sido integrado à Júpiter recentemente, vindo de um lugar suficientemente distante para que o gelo permanecesse em sua superfície. Talvez em breve teremos algum indício que confirme alguma dessas hipóteses.

Isso por que, no ano que vem, a Nasa lançará a sonda Lucy, a primeira a visitar os “troianos de Júpiter”. Levará anos para que chegue até lá, e o asteroide não está no cronograma de visitação, mas talvez seja possível captar alguma observação de sobrevoo à medida que a sonda passa por ele.

Via: Science Alert

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital