Desde 1.600 os astrônomos estudam as manchas solares, regiões mais frias na fotosfera de nossa estrela causadas pela alteração no fluxo do campo magnético, que aos nossos olhos se parecem com manchas escuras.
Sabemos, por exemplo, que sua atividade obedece a um ciclo regular de 11 anos. Mas até agora os cientistas não eram capazes de prever quando ou onde uma mancha iria aparecer, já que não há uma forma de medir diretamente os campos magnéticos responsáveis por seu surgimento.
Entretanto, é possível estudar o Sol acompanhando as ondas sonoras que se movem por seu interior e causam vibrações na superfície, um campo chamado heliosismologia. Isso é feito usando um conjunto de seis telescópios idênticos espalhados pelo mundo, conhecidos como Global Oscillation Network Group (GONG).
As ondas sonoras também são afetadas por alterações na superfície, como as manchas solares. Sabendo disso, a equipe do GONG conseguiu prever a aparição de uma mancha: há cerca de uma semana eles perceberam que as vibrações estavam sendo perturbadas por algo no lado distante do Sol. Eles não sabiam o que era, mas as perturbações eram consistentes com uma mancha solar.
Previsão correta
A equipe previu que um grande aglomerado de manchas seria visível da Terra por volta desta quinta-feira (26). E estavam certos: já no dia 23 o grupo surgiu no lado leste da estrela, onde foi detectado pelo observatório GONG em Learmonth, na Austrália.
Imagem do Sol capturada pelo observatório GONG em Learmonth, Austrália. Um grupo de manchas está visível no lado esquerdo da imagem. Foto: NISP / Divulgação
“Podemos usar esta técnica para detectar o que acontece no lado mais distante do Sol dias antes que possamos observar daqui. Ter até cinco dias de antecedência na detecção de uma mancha solar ativa é algo extremamente valioso em nossa sociedade tecnologicamente dependente”, disse o Dr. Alexei Pevtsov, Diretor Adjunto do Integrated Synoptic Program no National Science Observatory (NSO, Observatório Nacional de Ciências) nos EUA.
Esta capacidade é extremamente útil para nós, já que o surgimento de grandes manchas solares é acompanhado por outras atividades, como erupções solares. Erupções intensas podem prejudicar o funcionamento de satélites como os responsáveis pelo sistema GPS, e em casos mais extremos poderiam causar o colapso de todo o sistema elétrico.
A equipe do GONG acredita que, com mais pesquisa, poderá prever a aparição de manchas antes que elas se formem, nos dando até uma semana para nos prepararmos para uma erupção solar e implementar medidas para mitigar seus efeitos.
Fonte: Space.com