A Nasa confirmou oficialmente, na terça-feira (15), que estamos em um novo ciclo solar. A suspeita já era levantada por cientistas e astrônomos, e, agora, com observações mais detalhadas, é possível afirmar que entramos em um novo período de 11 anos, tempo que dura o ciclo da estrela.

Normalmente, o fenômeno não pode ser visto a olho nu direto da Terra, mas pode ser percebido na falha de comunicações de satélites ou no ligeiro aumento do aparecimento de auroras no nosso planeta.

O que tornou possível identificar o novo intervalo foi o aumento de manchas escuras no Sol, ação monitorada por oito meses pela agência espacial americana e pela National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA). Tais manchas e ciclos já são observados por pesquisadores desde o século 18, o que resulta em dados de 24 ciclos completos. Por isso, já se sabe que, quando aparecem mais manchas solares no astro, estamos entrando em um novo ciclo, mesmo que ele só possa ser percebido depois de seu início. De acordo com a National Science Foundation (NSF), dos Estados Unidos, dezembro de 2019 marcou o começo do 25º período.

“Mantemos um registro detalhado das poucas manchas solares minúsculas que marcam o início e a ascensão do novo ciclo”, explicou Frédéric Clette, diretor do Índice de Manchas Solares e Observações Solares de Longo Prazo do World Data Center. “Esses são os arautos diminutos dos futuros fogos de artifício solares gigantes. É apenas rastreando a tendência geral ao longo de muitos meses que podemos determinar o ponto de inflexão entre dois ciclos”, acrescentou.

O que realmente acontece é que toda a mudança de comportamento do Sol pode ser associada com a troca de lugar de seus campos magnéticos. Estes campos são impulsionados por correntes de plasma fluindo de seu interior de forma muito profunda. O fato é que ainda não se sabe o que puxa estas correntes. Suspeita-se de motivos, mas nenhuma conclusão firmada.

Aumento ou diminuição de manchas solares é observado por cientistas desde o século 18. Créditos: Nasa/Divulgação

“À medida que emergimos do mínimo solar e nos aproximamos do máximo do ciclo 25, é importante lembrar que a atividade solar nunca para; ela muda de forma conforme o pêndulo oscila”, destacou o cientista solar da Nasa, Lika Guhathakurta.

Ainda cabe frisar que a periodicidade nas mudanças em estrelas é mais comum do que se imagina. Os intervalos podem ser observados quase que de forma exata de tempos em tempos.

Ciclo de 22 anos

O ciclo de 11 anos, que indica a intensidade e o tempo da atividade do Sol, na verdade, faz parte de um ciclo ainda maior, de 22 anos. Neste intervalo mais longo, ocorre a inversão completa de polaridade do astro, por isso, a cada 11 anos, os polos trocam de lugar entre si, voltando à posição no final na próxima repetição.

Apesar de o ciclo menor ter sido descoberto agora, em 2020, mais cinco anos devem ser necessários para que entremos em uma fase mais agressiva do Sol. É provável, inclusive, que este ciclo seja calmo, pois o 24º também foi relativamente quieto. “Só porque é um ciclo solar abaixo da média, não significa que não haja risco de clima espacial extremo”, disse Doug Biesecker, físico solar do Centro de Previsão do Clima Espacial da NOAA no Colorado, e participante do estudo.

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Cientistas monitoram manchas solares para identificar possíveis inícios de ciclos do Sol. Créditos: Kontekbrothers/iStock

Além disso, a equipe de cientistas espera que este ciclo atinja seu pico em 2025. “É difícil definir uma data específica, mas prevemos que na metade de 2025 será quando teremos o maior número de manchas solares deste ciclo. Esperamos que haja 115 manchas solares no máximo, o que é muito próximo ao que vimos durante o ciclo anterior, que atingiu o máximo de 120 manchas solares. Isso é o que me diz que este pode ser o início de um retorno a ciclos solares mais fortes e uma quebra de ciclos cada vez menor do que as vimos nas últimas décadas”, disse Gordon Petrie, do Observatório Solar Nacional da NSF.

Vale destacar que, monitorar estes períodos pode auxiliar os humanos a prever com mais precisão o clima espacial, que na maioria do tempo é ditado por explosões de plasma carregado e radiação que pode estrondar de forma agressiva no espaço. Astronautas e engenheiros espaciais que realizam o gerenciamento de satélites também precisam destas informações para realizar eu trabalho com total segurança.

Via: Science Alert