Astrônomos dos EUA encontraram uma misteriosa “corrente” estelar nos limites de nossa galáxia que pode ser composta por sobreviventes de um período do início do universo, quando as estrelas tinham uma composição diferente da atual.

Ela é chamada de “Corrente de Fênix” (nada a ver com os Cavaleiros do Zodíaco), devido à sua localização aparente na constelação da Fênix. Ela é o que sobrou de um outro tipo de conjunto de estrelas, um “aglomerado globular”. Estes aglomerados, que têm a forma de um globo, podem ser perturbados pela força gravitacional de uma galáxia, que acaba transformando-os em uma “caravana” de estrelas.

publicidade

Nem as correntes, nem os aglomerados globulares, são novidade para os astrônomos. O que chama a atenção na corrente de fênix é a composição química de suas estrelas, que é diferente de qualquer outro objeto similar que já vimos.

“Podemos traçar a linhagem de uma estrela medindo os diferentes tipos de elementos químicos que detectamos nelas, da mesma forma que podemos traçar a conexão de uma pessoa com seus ancestrais através de seu DNA“, diz o astrônomo Kyler Kuehn, do Observatório Lowell no Arizona, EUA. No caso da corrente, “é como se encontrássemos uma pessoa cujo DNA não tem relação com qualquer outra pessoa, viva ou morta”.

publicidade

Existem 150 aglomerados globulares orbitando o disco da Via-Láctea em uma estrutura esférica chamada de “halo galáctico”. Cada aglomerado pode conter centenas de milhares de estrelas, e observações deles revelam uma consistência em sua composição química: suas estrelas são enriquecidas com elementos químicos mais “pesados” que o hidrogênio e o hélio, em uma proporção constante em todos eles.

Reprodução

publicidade

Messier 92 (M92), um aglomerado globular. Foto: ESA/Hubble

Esta proporção é conhecida como Metalicidade Base, e as estrelas da corrente de fênix têm menos elementos pesados do que era considerado possível em uma estrutura deste tipo. “A corrente vem de um aglomerado que, em nosso entendimento, não deveria ter existido”, diz Daniel Zucker, da Universidade Macquarie, na Austrália.

publicidade

Segundo os pesquisadores do projeto Southern Stellar Stream Spectroscopic Survey (Censo Espectroscópico da Corrente Estelar Sul), uma possível explicação é que a corrente pode ser um resíduo do início do universo.

“Uma explicação possível é que a corrente de fênix representa a ‘última de sua espécie’, um resíduo de uma população de aglomerados que nasceu em ambientes radicalmente diferentes daqueles que vemos hoje”, diz o astrônomo Ting Li, dos Observatórios Carnegie em Pasadena, na Califórnia.

“Na astronomia, quando encontramos um novo tipo de objeto, isso sugere que há mais deles por aí”, diz o astrônomo Jeffrey Simpson, da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW), na Austrália.

“Quem sabe quantas relíquias como a corrente de fênix podem estar escondidas no halo da Via-Láctea?”, pergunta o astrônomo alemão J. M. Diederik Kruijssen da Universidade de Heidelberg University, que não participou do estudo. “Agora que encontramos a primeira, a caçada começa”.

Fonte: Science Alert