Astrônomos calculam quais são os limites da Via Láctea

O disco de estrelas e gases da nossa galáxia mede 120 mil anos-luz de diâmetro - mas além dele, existe um disco de matéria escura que pode ser até 15 vezes maior
Renato Mota24/03/2020 20h39

20191223113501

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Em 2018, a sonda Voyager foi o primeiro objeto fabricado por humanos a deixar o Sistema Solar, ou seja, viajou para além da área de influência do Sol, a Heliosfera, a quase 20 bilhões de quilômetros de distância. Da mesma forma que a “fronteira” do Sistema Solar vai muito além do Cinturão de Kuiper, o limite da Via Láctea também se expande para depois dos seus 120 mil anos-luz de diâmetro.

Pesquisadores da Universidade de Durham, na Inglaterra, conseguiram calcular essa distância, e ela é nada menos do que dois milhões de anos-luz, 15 vezes o tamanho do seu disco espiral. O número pode levar a uma melhor estimativa de quão grande é a galáxia e quantas outras galáxias a orbitam.

Para se ter uma noção, se construíssemos uma maquete e nela a distância entre a Terra e o Sol fosse de 2,5 cm, a borda da galáxia teria que estar em algum lugar quatro vezes mais distante do que a Lua.

Assim é a Via Láctea: no centro, Sagittarius A* – mais conhecido como Sgr A* – nosso querido buraco negro supermassivo. Girando em volta em velocidades impressionates, gases, estrelas e planetas (inclusive o nosso). Tudo isso mede 120 mil anos-luz. Além desse ponto, um disco de gás, e depois dele um halo de matéria escura que envolve esses dois discos e se expande para mais longe. Como está cheio de partículas invisíveis e não emite luz, não podemos medir seu diâmetro pelos métodos tradicionais.

Entra então o trabalho da astrofísica Alis Deason e sua equipe. Em um artigo publicado no arXiv.org eles explicam que para encontrar a boda da Via Láctea, fizeram simulações por computador de como galáxias gigantes como a Via Láctea se formam. Em particular, os cientistas procuraram casos em que duas galáxias gigantes surgiram lado a lado, como a Via Láctea e Andrômeda, nosso vizinho mais próximo.

As simulações mostraram que, para além do limite do halo de matéria escura, as velocidades de pequenas galáxias próximas caem acentuadamente. Usando dados de telescópios, os pesquisadores encontraram um padrão nessa redução de velocidade nas galáxias que orbitam a Via Láctea. Isso ocorreu a uma distância de raio de cerca de 950 mil anos-luz do centro da galáxia.

O estudo revelou ainda que é possível a existência de estrelas nessas distâncias distantes. No futuro, os astrônomos esperam definir mais precisamente a localização da borda da Via Láctea, descobrindo pequenas galáxias próximas – além de procurar por estrelas nesses limites.

Via: Science New/Science Alert

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital