Na semana passada, a Claro anunciou a chegada de uma rede 5G DSS ao Brasil. Apesar de não ser a conexão de quinta geração definitiva, a implementação promete velocidades até 12 vezes maiores do que as disponibilizadas no 4G convencional.

A expectativa da operadora é de disponibilizar a tecnologia para os consumidores brasileiros a partir da próxima semana. No entanto, apenas aparelhos habilitados para receber a conexão de quinta geração poderão usufruir da velocidade prometida – como o aparelho Motorola Edge, que chega às lojas oficialmente no próximo dia 14.

 

A previsão é de que algumas localidades de São Paulo e Rio de Janeiro recebam a rede 5G DSS. Em São Paulo, a cobertura da tecnologia estará disponível na região da Avenida Paulista e Jardins. Algumas semanas depois, a ideia é estender a disponibilização para outras regiões com maior demanda de tráfego, como Campo Belo, Vila Madalena, Pinheiros, Itaim, Moema, Brooklin, Vila Olímpia, Cerqueira César, Paraíso, Ibirapuera, região da Avenida Berrini e Santo Amaro. 

No Rio de Janeiro, os primeiros pontos de cobertura estarão em Ipanema, Leblon e Lagoa. Como projeto de implementação futura, devem receber a conexão toda a orla, do Leme até a Barra da Tijuca, passando pelo Jardim Oceânico, Joá, São Conrado e Copacabana.

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Por enquanto, conexão deve ser disponibilizada para locais específicos de São Paulo e Rio de Janeiro. Foto: Anatel/Divulgação

De acordo com a Claro, os locais para a primeira implementação foram escolhidos de acordo com as demandas atuais de tráfego, presença de infraestrutura modernizada – utilizada para a chegada do 4.5G -, além da maior incidência de smartphones de última geração.

Entenda o 5G DSS

Assim como o 4,5G (ou LTE Advanced) foi uma evolução natural do 4G e já é ofertado por quase todas as operadoras nacionais, a adoção da tecnologia DSS anunciada pela Claro também pode ser encarada como mais um degrau na evolução das redes de telecomunicações móveis rumo ao 5G. Apesar do nome da oferta, a diferença está na sigla “DSS”, de Dynamic Spectrum Sharing (ou, em tradução livre Compartilhamento Dinâmico de Espectro).

O que a tecnologia (DSS) faz é redistribuir as faixas de frequências já disponíveis e utilizadas na rede 4G. Assim, as operadoras não precisam necessariamente esperar o licenciamento do 5G no país para começar a dar os primeiros passos nesta direção. Nos Estados Unidos, por exemplo, AT&T e Verizon também utilizam o compartilhamento de espectro em suas redes 5G.

O mais interessante é que o 5G através do compartilhamento dinâmico de espectro, o DSS, promete uma experiência muito superior ao usuário se comparado ao atual 4G disponível no país.

Chegada do 5G

A conexão oferecida pela operadora, apesar de prometer velocidade superior, ainda não é o 5G de fato. A tecnologia de quinta geração, que teve o leilão de espectro confirmado para o primeiro semestre de 2021, vai permitir a adição do espectro de 3,5 GHz e das faixas de ondas milimétricas.

Por se tratar de uma faixa com frequência muito baixa, será necessário a implantação de uma grande quantidade de antenas. Tudo isso para garantir boa cobertura e capacidade para suportar os acessos simultâneos.

Outra evolução necessária é a virtualização de funções de rede. Isso deve ocorrer para que aconteça uma redução de latência. Para seja possível, deve-se descentralizar o core para datacenters mais próximos dos clientes – etapa conhecida como edge computing.

Por fim, o Brasil enfrenta um empecilho na obtenção de parte da infraestrutura necessária para a chegada do 5G por aqui. Os Estados Unidos pressionam diversos países para que não façam negócios com a Huawei, empresa chinesa que fornece equipamentos para a implementação. Como justificativa, há medo de que a empresa utilize a infraestrutura fornecida para espionar a telecomunicação dos países.

Por conta disso, representantes das principais operadoras do Brasil planejam conversar com ministros específicos sobre o assunto. Dentre eles estão Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (Casa Civil) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores). 

O principal temor em relação ao assunto está na possibilidade de que essa pressão para restringir a disseminação da tecnologia fabricada pela empresa chinesa possa afetar diretamente o fornecimento de equipamentos e resultar no aumento dos preços por aqui.