O mais difícil para uma série de alto nível como “Mr. Robot” é responder às expectativas do público. A primeira temporada foi uma grata surpresa no mundo da TV e até no dos hackers, que há anos não se viam bem representados pela cultura pop.

Por isso, a segunda temporada começou carregada com a pressão de superar a primeira. Após um início lento, a série foi crescendo até atingir o excelente episódio da semana passada. Como superar tudo aquilo? Nesta semana, “Mr. Robot” conseguiu, com uma reviravolta inimaginável.

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Leia nosso review da temporada até aqui:

A partir deste ponto, cuidado com spoilers.

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Exibido na quarta-feira nos EUA e ontem no Brasil, o sétimo episódio da temporada, “eps2.5_h4ndshake.sme”, começa num ritmo mais calmo. Um curto flashback nos traz a lembrança de Joanna Wellick e seu marido, Tyrell, numa época provavelmente anterior aos eventos da primeira temporada.

O arco da personagem, porém, é o mais difícil de encarar de toda a série. Na primeira temporada, sua presença como dominadora e submissa ao mesmo tempo na vida de Tyrell trazia um elemento bem interessante à psicologia do personagem. Agora, sem Tyrell, Joanna tem as cenas mais monótonas de todo o programa.

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Como se trata de “Mr. Robot”, não é difícil imaginar que toda essa trama paralela deve nos levar a algum lugar em algum momento. Afinal, Joanna ainda guarda um segredo sobre Tyrell que pode revelar se ele está vivo ou não, afinal de contas. Por enquanto, porém, o romance com o jovem atendente de bar só parece gastar tempo.

Mas se as cenas com Joanna atrasam o desenvolvimento da série, o arco de Angela avança a passos largos e de maneira frenética. Após ajudar a hackear o FBI, a personagem prossegue em sua missão pessoal de destruir a E Corp por dentro, mesmo que continue dando sinais de ter sido seduzida pelo poder e dinheiro. Uma contradição fascinante de acompanhar.

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Enquanto isso, Elliot revive seu momento de super-herói na série. A tensa e perigosa relação com Ray chega ao clímax quando o protagonista finalmente entrega seu “Silk Road 2.0” à polícia, ao melhor estilo hacker justiceiro. A redenção de Ray, que se deixa prender, por sua vez, traz uma reviravolta interessante na construção do personagem, numa interpretação excelente de Craig Robinson.

O que nos leva a outra relação muito bem trabalhada no episódio, a entre Elliot e Mr. Robot. Os laços afetivos entre os dois estreitam, com Elliot abraçando a ideia de que ambos são parte do mesmo corpo e que não há como um existir sem o outro. Uma metáfora ao Espírito Santo no cristianismo torna a figura de Mr. Robot na vida de Elliot ainda mais relevante e com contornos de redenção pessoal.

Por fim, a reviravolta que certamente pegou até os espectadores mais atentos de surpresa – e que faz o episódio superar o anterior. Na primeira temporada, a mente perturbada de Elliot surpreendeu o público ao revelar que Mr. Robot não era real. Já nesta temporada, a imaginação do personagem não cria apenas uma pessoa, mas todo um ambiente.

A casa onde Elliot vivia com sua mãe sem acesso a um terminal, o bairro pacato onde ele conheceu Leon (um agente do Dark Army?) e assistia a jogos de basquete na praça, nada disso era real. Tudo uma ilusão, criada conscientemente por Elliot, para esconder a realidade: por todo esse tempo, o personagem estava na cadeia.

Embora muitas dúvidas tenham sido respondias – como a recorrente cena na sala de jantar, que criticamos no quinto episódio sem imaginar o que estava por vir -, muitas perguntas ficam no ar após o fim desse chocante episódio. Qual é o papel de Ray nessa prisão? Por que Elliot está preso, afinal? Mr. Robot disse que sim, mas será que Tyrell está mesmo morto?

Faltam apenas cinco episódios para o fim da temporada, que termina com um capítulo duplo a ser exibido em 14 de setembro nos EUA. Até lá, resta aos fãs aguardar ou explorar suas próprias respostas, enquanto “Mr. Robot” guarda ainda mais segredos a serem revelados.

“Mr. Robot” é exibido no Brasil pelo canal Space, toda quinta-feira, às 23h20.