Análise: O erro fatal de ‘Mr. Robot’

Redação22/07/2016 15h51, atualizada em 22/07/2016 16h05

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Você certamente conhece aquela sensação de pânico quando o PC para de funcionar de repente. Um erro fatal corrompe a memória e o processamento de dados da máquina. Você vê a tela ficar azul ou preta, símbolos estranhos, mensagens codificadas e, de repente, nada mais faz sentido. Sem nenhum motivo ou explicação, o computador simplesmente “deu pau”.

Esse é o tema do terceiro episódio de “Mr. Robot”, exibido na última quinta-feira, 22, no Brasil. Intitulado “k3rnel-panic”, o capítulo acompanha Elliot em sua cada vez mais degradante jornada rumo à completa insanidade, conforme ele perde cada vez mais o sentido do que é real e o que é imaginário.

A partir daqui, cuidado com spoilers.

Não é à toa que o tema central do episódio é determinismo. Os principais momentos deste capítulo acontecem por puro acaso, como um erro fatal de kernel que quebra o computador de uma hora para a outra, sem explicação. Mobley encontra o cadáver de Romero sem querer, DiPierro esbarra na principal pista do caso “9 de maio” por acidente, a morte de Gideon (que aconteceu no episódio anterior, mas só é discutida neste), entre outros momentos.

Até mesmo o arcade que foi base de operações da fsociety na primeira temporada. O episódio começa com um flashback de Mobley convidando Romero para participar da iniciativa hacker, enquanto este último conta ao primeiro a história cheia de coincidências macabras por trás do local onde o grupo montaria o ataque à Evil Corp.

Uma sucessão de causos, aparentemente sem conexão, que acabam levando a um momento crucial. Você, o espectador, só percebe a pane no sistema quando ela acontece, de repente, sem ter notado todos os sinais que levavam para este caminho. Seria uma força sobrenatural controlando as cordas dos personagens como se eles fossem marionetes?

Controle é outro tema recorrente nesta segunda temporada. O terceiro episódio passa muito mais tempo dentro da cabeça de Elliot do que com os outros personagens, que têm seu devido tempo de tela. O protagonista, por sua vez, continua lutando para manter o controle sobre seu corpo e suas ações, vítimas da paranoia e do seu distúrbio de múltiplas personalidades.

Quem está no controle, Elliot ou Mr. Robot? Quem fez a misteriosa ligação para Tyrell Wellick (que, aliás, permanece uma incógnita, sem revelar se está mesmo vivo ou é mais uma alucinação)? Cabe a Ray, novo personagem da série, oferecer um dos melhores “insights” (entre muitos) do episódio.

Em certo momento, o personagem discute o que é controle e determinismo com Elliot. Ele conta a história de sua falecida esposa, que era a melhor e mais perfeccionista motorista que ele já havia conhecido. Um belo dia, ela foi vítima de um acidente, provocado por outro motorista com menos habilidade. Um belo dia, todo o controle que ela tinha sobre seu carro não adiantou para nada.

Assim como todo o cuidado do mundo não previne um sistema Unix de encontrar um erro fatal, do qual é impossível recurperar-se em modo seguro. O “pânico do núcleo”, que dá nome ao episódio, é tão imprevisível e determinístico quanto os últimos acontecimentos em “Mr. Robot”. Resta aguardar os próximos capítulos para descobrir aonde esses acasos vão nos levar.

“Mr. Robot” é exibido no Brasil pelo canal Space, toda quinta-feira, às 23h20.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital

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