O governo do Reino Unido pode se reunir nos próximos meses para conversar com empresas de tecnologia com o objetivo criar um diálogo mais fácil com as companhias sobre a questão da criptografia.
Para o chefe de serviço de espionagem do Reino Unido, Robert Hannigan, o setor privado precisa trabalhar junto com o governo, e não contra. De acordo com ele, “é preciso compartilhar ideias para construir um diálogo mais tranquilo em uma atmosfera carregada de tensão”.
A declaração foi dada durante um discurso na Massachusetts Institute of Technology (MIT), nesta terça-feira e, apesar de não citar nomes de companhias, refere-se ao desentendimento entre Apple e FBI no caso da criptografia do iPhone de San Bernardino. Vale lembrar que a empresa norte-americana foi apoiada publicamente por Facebook e Twitter.
Ameaça unificadora
O diretor ainda citou o grupo terrorista Estado Islâmico para incentivar a união entre o setor público e o privado no combate ao califado no ambiente digital. “Se nos unirmos, estaremos mais perto de nosso objetivo de levar quem faz mau uso da criptografia e comete abusos na internet para a cadeia”, afirmou.
Além disso, Hanning também aproveitou o momento para referir-se sobre a tecnologia Tor, rede de computadores interligados que permite que os usuários naveguem de forma anônima na internet e acessem sites indisponíveis em navegadores convencionais. Segundo afirma, trata-se de uma “brilhante invenção” e de “valor inestimável” para pessoas que precisam permanecerem anônimos na internet, como jornalistas e advogados dos direitos humanos. No entanto, ele também diz que “uma invenção dessa, nesses dias, é dominada em grande parte pela criminalidade”.
Para tirar do papel a ideia do encontro entre empresas e governo, o executivo afirmou que representantes do governo do Reino Unido devem colocar os planos em prática nos próximos meses. “Eu não sei onde esse diálogo irá nos levar, mas sei que se tornará algo técnico. Será nessa hora que precisaremos contar com a boa vontade de todas as partes”, concluiu.