Governo de Singapura alega fake news e bloqueia página no Facebook

Coordenada por um ativista político de oposição, página States Times Review foi bloqueada pela terceira vez após acusações por divulgar informações falsas
Equipe de Criação Olhar Digital21/02/2020 01h15

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O governo de Singapura ordenou o bloqueio da página States Times Review no Facebook após a aprovação de uma lei para combater as fake news. A empresa de Mark Zuckerberg expressou-se “extremamente preocupada” com a medida.

O bloqueio, ordenado esta semana, sofre alegações de que o blog repetidamente transmitiu informações falsas. A versão oficial do governo, informada pela Reuters, afirma que a página em questão não seguiu nenhuma das orientações da Lei de Proteção Contra Falsidades e Manipulação Online (POFMA).

Em comunicado, o Facebook afirmou ter sido obrigado judicialmente a restringir o acesso à página em Singapura. “Nós acreditamos que ordens como essa são desproporcionais e contradizem a alegação do governo de que a POFMA não seria usada como ferramenta de censura”, diz a nota. “Destacamos repetidamente o potencial dessa lei para ultrapassar os limites e estamos profundamente preocupados com o precedente que isso estabelece para sufocar a liberdade de expressão em Singapura”.

Coordenada por Alex Tan, um ativista político de Singapura que vive na Austrália, a página States Times Review é conhecida por suas opiniões fortes e contrárias ao governo, a qual já sofreu censura três vezes, além de ser acusada de propagar notícias falsas. O caso mais recente envolve críticas sobre como o país lidou com a epidemia do novo coronavírus. O governo de Singapura alega que o artigo contém informações “totalmente falsas”.

Grupos de oposição e ativistas dos direitos humanos se dizem preocupados com a possibilidade da lei das fake news, publicada no mês de outubro, ser usada para silenciar críticas ao governo. A POFMA envolve as mais variadas situações, descritas como informações falsas no texto da lei.

O governo de Singapura, que não se pronunciou oficialmente sobre o caso, nega as acusações da oposição, dizendo que a lei se aplica apenas à desinformação, e que a liberdade de expressão não seria afetada. Ainda assim, inicialmente a POFMA envolveu figuras políticas de oposição ao governo.