Após uma série de protestos da população contra um aumento no preço dos combustíveis, que resultaram em mais de 100 mortes, segundo a Anistia Internacional, o governo iraniano decidiu “desconectar” o país da Internet, como uma forma de impedir a comunicação dos manifestantes e a cobertura da imprensa internacional.

A desconexão ocorreu no sábado à noite e foi monitorada pela ONG Netblocks. O que começou como uma série de “flutuações regionais” ao longo do dia afetou o país todo ao entardecer. Atualmente, o tráfego iraniano na Internet é de apenas 5% do volume normal.

O bloqueio é possível porque todo o tráfego do país flui para o resto da internet através de apenas dois pontos, a empresa estatal de telecomunicações e o Instituto de Fisica e Matemática, ambos controlados pelo governo. A “intranet” Iraniana, ou seja, sites, serviços e apps que tem infraestrutura dentro do país, continua funcionando, mas não é possivel acessar nada de fora.

Segundo a Netblocks também houve perda de serviço nas torres de telefonia celular, o que pode dar uma idéia da escala dos esforços do governo para reprimir as manifestações. O jornalista iraniano Mohammad Mosaed conseguiu postar uma mensagem no Twitter após tentar 42 serviços de proxy (que servem como intermediários na conexão), mas não se sabe até quando este método estará disponível.

Behrang Tajdin, correspondente da BBC em Persa, disse que como muitos de seus colegas, perdeu totalmente a comunicação via Internet com seus contatos no país. “Não me lembro da última vez que tivemos um blecaute total por quatro dias”, disse ele.

Já o serviço de monitoramento de conexão à internet da Oracle descreve o evento como “o maior blecaute da internet já observado no Irã”.

Fonte: BBC