Em um depoimento prestado ontem diante da Comissão de Inteligência da Câmara, o diplomata William Taylor disse que havia descoberto recentemente um telefonema entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e George Sondland, embaixador dos EUA na União Europeia. Taylor, diplomata sênior do país na Ucrânia, disse que sua equipe ouviu Trump durante uma ligação com Sondland enquanto jantava com o embaixador em um restaurante de Kiev.

O conteúdo dessa discussão – na qual Trump perguntou a Sondland sobre as “investigações” que ele queria que a Ucrânia conduzisse como uma suposta condição de liberar ajuda militar – pode ou não ser prejudicial à alegação do presidente de que ele não estava procurando ajuda estrangeira para sua eleição em 2020. Mas uma ligação aberta entre o presidente e um embaixador a respeito de tópicos de interesse diplomático em um lugar público como um restaurante, onde qualquer organização estrangeira de inteligência poderia estar, representa uma enorme falha de segurança operacional e nacional.

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Essa não é a primeira vez que o governo deixa passar questões de segurança nacional em uma audiência pública. Em fevereiro de 2017, o presidente Trump consultou o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe sobre um teste de míssil balístico norte-coreano e fez telefonemas do restaurante de seu resort na Flórida, à vista e ao alcance de todos. Alguns clientes chegaram a transmitir a situação ao vivo a partir de seus celulares. Poucos meses depois, Trump compartilhou dados de inteligência com o ministro das Relações Exteriores e embaixador da Rússia, em reunião no Salão Oval acerca de uma conspiração do Estado Islâmico para derrubar aviões de passageiros usando laptops.

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Mais recentemente, Trump desclassificou e postou no Twitter uma imagem de vigilância de um drone espião no local da falha de um satélite iraniano. Como presidente, Donald Trump pode optar por desclassificar qualquer informação que quiser. Mas a falta de preocupação com relação à segurança do planejamento diplomático vem causando preocupações. Normalmente, esse tipo de conversa é feita pessoalmente ou por linha telefônica segura, em uma embaixada ou outro espaço protegido.

Diplomatas seniores como Sondland seriam naturalmente alvos de vigilância por agências de inteligência nacionais e estrangeiras enquanto viajavam para outro país – especialmente em um país como a Ucrânia. No ano passado, o Departamento de Segurança Interna reconheceu que dispositivos com a tecnologia “IMSI Catcher”, usada para rastrear e interceptar ligações, foram detectados perto da Casa Branca, levantando mais preocupações sobre o uso de um telefone desprotegido por parte do presidente.

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Mesmo que a ligação com Sondland estivesse criptografada, seu telefone poderia ter sido rastreado. Se os membros da equipe de Taylor puderam ouvir a conversa do outro lado da mesa, outras pessoas também estariam ouvindo.

Via: Ars Technica

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