Recentemente, o WhatsApp acrescentou criptografia ponta-a-ponta a todas as conversas de sua plataforma. A medida garante a privacidade dos dados compartilhados pelos usuários do aplicativo – embora, por outro lado, também leve a plataforma a ter problemas judiciais.
Esse recurso é comum também a outros aplicativos e programas, como o Telegram e o Signal – o Olhar Digital já fez até mesmo uma lista de softwares seguros de comunicação. Mas diferente dos demais aplicativos da lista, o WhatsApp enfrenta alguns obstáculos para garantir o sigilo total das mensagens trocadas entre seus usuários.
O VentureBeat apontou três características do WhatsApp que colocam em risco a privacidade dos usuários do aplicativo – se não nesse momento, possivelmente no futuro. Leia, a seguir, sobre esses três pontos:
Metadados
Embora o WhatsApp não armazene os dados trocados pelos usuários em seus servidores, ele armazena os metadados. Ele registra, por exemplo, que o número X enviou uma mensagem para o número Y em determinado horário. Obviamente, esses dados são muito menos sensíveis que os conteúdos das mensagens trocadas, mas eles ainda podem conter informações bastante pessoais.
Os metadados podem ser usados, por exemplo, para confirmar que duas pessoas se conhecem e trocaram mensagens. Podem, além do mais, revelar informações bastante íntimas dos usuários: se um usuário envia quinze mensagens para o número de um psicólogo entre as 2 e as 4 da manhã, trata-se de um dado bastante sensível, por exemplo.
O WhatsApp foi comprado pelo Facebook em 2014, e a rede social de Mark Zuckerberg não é conhecida por ter a privacidade de seus usuários em primeiro lugar. Ela utiliza os dados pessoais que de seus usuários para oferecer publicidade a eles, além de disponibilizar as postagens públicas dos usuários para outras empresas. Mesmo informações compartilhadas de maneira privada podem ser disponibilizadas a terceiros, omitindo-se os dados pessoais de quem postou.
Se o WhatsApp decidir solicitar aos usuários que permitam que o aplicativo compartilhe seus dados com o Facebook, todos os metadados armazenados na plataforma de mensagens ficarão nas mãos da rede social. Ela poderia então usá-los para criar um perfil ainda mais preciso de seus usuários. Mesmo que isso não aconteça, o fato de que o Facebook usa o número de telefone dos usuários para fortalecer a segurança das contas sugere que, para muitas pessoas, esses dois serviços já estão conectados.
Dinheiro
Tantas pessoas usam o WhatsApp no mundo, com tanta frequência, que é fácil esquecer um ponto importante: atualmente, o aplicativo não ganha dinheiro nenhum. Ele aboliu recentemente a taxa de US$ 1 que cobrava após 12 meses de serviço, e por ora não tem fonte de receita.
Um dos planos do app para gerar dinheiro é se oferecer como serviço para empresas, negócios e serviços, como uma maneira de facilitar a comunicação com clientes e consumidores. Esse plano, no entanto, está cada vez mais sendo apropriado pelo Messenger, e é pouco provável que o Facebook, dono dos dois aplicativos, faça um concorrer com o outro.
É possível, portanto, que o aplicativo eventualmente queira receber um pouco da receita de publicidade gerada pelo Facebook. E isso, é claro, implicaria oferecer ao menos alguns dados dos usuários para potenciais anunciantes, o que significaria um enfraquecimento da segurança das informações pessoais dos usuários.