A Grayshift, startup forense que criou um dispositivo capaz de burlar o sistema de proteção do iPhone, recebeu um financiamento de US$ 47 milhões. Concentrada no seu principal produto, chamado de GrayKey, a startup tem contratos governamentais e é especialista em quebrar a segurança dos dispositivos da Apple.
A rodada foi liderada pela PeakEquity Partners. Os investidores acreditam que a tecnologia é poderosa, mas também controversa. A polícia norte-americana, o FBI e outros órgãos e agências locais utilizam a ferramenta em investigações.
A GrayKey foi apresentada em meados de 2018 e gerou controvérsia, desde então. A principal é sobre a privacidade dos dados de dispositivos apreendidos, embora o desbloqueio seja feito sob a justificativa de ser parte das investigações.
A ferramenta é capaz de quebrar o código dos celulares e de fazer backup do sistema e dos dados armazenados, mesmo que haja criptografia. De acordo com a Forbes, a empresa tem evitado falar com a imprensa para concentrar sua expansão no governo. Em registros de contratos dos últimos dois meses, a Grayshift garantiu um acordo de US$ 900 mil com a Imigração e Alfândega dos EUA (ICE), e outros com o FBI e DEA (Drug Enforcement Administration).
Mais complicado no iPhone 12
Tempo de desbloqueio de dispositivos varia de acordo com o tamanho das senhas, levando de minutos até dias. Imagem: Grayshift/Reprodução
“Este investimento valida a inovação da Grayshift e de como estamos transformando esta indústria”, disse David Miles, fundador e CEO da empresa. No último ano, disse ele, a empresa dobrou os números de receita, adoção de clientes e de crescimento de funcionários.
Ainda que não existam provas concretas, acredita-se que a ferramenta é capaz de desbloquear dispositivos da Apple até o iPhone 11. A partir do iPhone 12 e do iOS 14, cuja segurança recebeu melhorias significativas, ainda há pouca confiança sobre a eficácia da GrayKey.
De acordo com um relatório da Upturn publicado pelo New York Times, pelo menos 2.000 agências norte-americanas utilizam ferramentas de desbloqueio para smartphones. Algumas empresas como a Cellebrite, por exemplo, fazem o desbloqueio de cada dispositivo por cerca de US$ 2 mil. Ela foi responsável por vender uma ferramenta de desbloqueio para o Departamento de Polícia de Dallas por US$ 150 mil.
A Upturn também ressalta que o uso generalizado de ferramentas forenses como a GrayKey “representa uma expansão perigosa dos poderes de investigação na aplicação da lei”.