A ação coordenada anti-Uber ocorrida no comecinho deste ano fez com que a empresa perdesse meio milhão de clientes. Esse foi o boicote que praticamente marcou o início do “inferno astral” da companhia, que hoje vive uma crise de imagem sem precedentes em sua história.

O número de cancelamentos foi revelado ao New York Times por três pessoas dentro da Uber que têm acesso às métricas. O mesmo jornal havia informado, em fevereiro, que a companhia perdera 200 mil usuários, mas aparentemente os dados precisavam de uma atualização.

Foi sem querer

O curioso é que aquele boicote surgiu em resposta a uma aparente casualidade. Em janeiro, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto impondo restrições a imigrantes, taxistas encabeçaram protestos em aeroportos por todo o país.

Como o sistema da Uber calcula o valor das corridas com base em demanda, a falta de taxistas naquele momento fez com que o serviço da empresa ficasse mais caro, levando muita gente a entender que a empresa estava tirando proveito da situação. Veio, então, a campanha de boicote. E ela foi tão forte que a Uber foi obrigada a automatizar o processo de descadastramento.

Tsunami

Aquilo marcaria o começo de um período dificílimo para a Uber, que foi atingida por um tsunami de problemas. Houve denúncias de assédio sexual e moral por parte de ex-funcionárias (o que desencadeou outra campanha de boicote), a divulgação de um vídeo do CEO Travis Kalanick discutindo com um de seus motoristas, ações judiciais do Google que podem tirar a Uber do mercado de carros autônomos…

A coisa escalonou de tal maneira que, recentemente, o homem que presidia a empresa e seu negócio de caronas compartilhadas, Jeff Jones, renunciou ao cargo dizendo que a cultura da Uber é inconsistente com seus valores.

Mas a empresa vem demonstrando interesse em voltar aos trilhos, tanto que Kalanick chegou a afirmar que precisava de ajuda para aprender a liderar e tem corrido atrás de um nome para assumir a direção de operações da Uber. Além disso, uma das fontes do NYT garante que o fluxo de usuários está voltando lentamente à normalidade, uma indicação de que os problemas gerados em boicote também podem ser superados com o tempo.