Governo dos EUA tenta tranquilizar empresas após banimento do WeChat

O app, que na China é usado para pagamentos, comércio eletrônico, marketing, notícias e outros serviços, é a porta de entrada de muitas empresas norte-americanas para o maior mercado do mundo
Renato Mota21/08/2020 22h30

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Agentes do governo Donald Trump estão tentando tranquilizar empresas norte-americanas de que elas poderão manter seus acordos com o app WeChat na China. Uma ordem executiva do presidente proíbe pessoas e empresas dos EUA de fazer negócios com a empresa, que pertence à Tencent, a partir de meados de setembro.

De acordo com o site de notícias Bloomberg, funcionários da administração dos EUA têm procurado algumas empresas, em especial a Apple, após perceber que o impacto de uma proibição poderia ser devastador para o setor de tecnologia, varejo, jogos e telecomunicações.

A China representa um quinto das vendas da Apple, que depende do país para uma grande parte de sua fabricação – que pode ser afetada se o governo chinês decidir retaliar. A maior preocupação é que o WeChat é utilizado pelos chineses para pagamentos, comércio eletrônico, marketing, notícias e muitas outras coisas.

Qualquer smartphone sem acesso a ele perderia espaço no maior mercado móvel do mundo. O impacto também seria grande às empresas que não estão diretamente na indústria de smartphones. Não ser capaz de comercializar produtos ou receber transações por meio do WeChat prejudicaria de forma significativa as operações na China.

Soluções temporárias

O governo Trump ainda está trabalhando nas implicações técnicas de como impor um banimento parcial do aplicativo. Uma questão importante é se a Casa Branca permitiria que a Apple e a Alphabet oferecessem o app em suas lojas de aplicativos globais fora dos EUA. Ainda há o risco de o presidente Donald Trump, em última instância, anular tudo o que eles decidirem.

WeChat é o aplicativo de mensagens mais popular do mundo, com mais de um bilhão de usuários. Banir o app, mesmo que apenas nos EUA, poderia interromper as comunicações pessoais entre o país e a China. Isso também interromperia as operações de empresas internacionais que dependem do aplicativo para negócios internacionais.

Uma proibição parcial do WeChat poderia resolver o problema, permitindo que a Apple continue a oferecê-lo em suas lojas de aplicativos na China, e que empresas como a Starbucks continuem aceitando pagamentos por meio do aplicativo. “Estamos falando com todos que podem nos ouvir”, disse Craig Allen, presidente do Conselho de Negócios EUA-China, cujo grupo representa empresas como o Walmart e a General Motors. “O WeChat é um pouco como eletricidade. Você usa em qualquer lugar”, disse Allen.

As ações da Tencent despencaram até 10% após a ordem executiva de Trump, anunciada no último dia 6, com uma perda de quase US$ 35 bilhões em valor de mercado. A Tencent também detém uma grande participação da Epic Games, criadora do jogo Fortnite, e é proprietária da desenvolvedora de League of Legends, a Riot Games.

Banimento do TikTok

Todo o imbróglio entre o WeChat e os Estados Unidos começou, na verdade, com o TikTok. Depois de afirmar diversas vezes que baniria o aplicativo de vídeos no país, o presidente Donald Trump finalmente cumpriu sua promessa na noite de 6 de agosto. A empresa tem até 45 dias para ser comprada por uma companhia americana para continuar seus funcionamentos no país.

A medida, porém, vale também para o serviço de mensagens chinês WeChat. A ordem do executivo é que nenhuma empresa ou cidadão americano realize transações com os aplicativos passado o prazo de 45 dias. Baixá-los nas lojas do Google e da Apple, negociar publicidade com seus desenvolvedores e, sobretudo, comprar suas operações são exemplos de transação.

Via: Bloomberg

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital