A guerra entre Donald Trump e TikTok passou por altos e baixos durante os primeiros dias de agosto. Primeiro, o presidente afirmou que baniria o aplicativo dos EUA; depois, que ordenaria a compra de suas operações por uma empresa americana.
Já na noite de quinta-feira (6), o presidente dos EUA decidiu unir as duas jogadas: agora, será proibido fazer download do TikTok a partir de 20 de setembro, a menos que o app já tenha sido adquirido pela Microsoft até lá.
A medida vale também para o serviço de mensagens chinês WeChat. A ordem do executivo é que nenhuma empresa ou cidadão americano realize transações com os aplicativos passado o prazo de 45 dias. Baixá-los nas lojas do Google e da Apple, negociar publicidade com seus desenvolvedores e, sobretudo, comprar suas operações são exemplos de transação.
INBOX: @realDonaldTrump has signed an executive order to ban TikTok in 45 days. pic.twitter.com/1zR4HgCPVj
— Andrew Feinberg (@AndrewFeinberg) August 7, 2020
Risco às informações pessoais
De acordo com a Casa Branca, esses aplicativos colocariam em risco as informações pessoais dos americanos, potencialmente permitindo à China “rastrear os endereços de funcionários federais, criar dossiês para chantagem e conduzir espionagem corporativa”.
“A disseminação de aplicativos controlados pelo governo chinês ameaça a segurança nacional, a política externa e a economia dos Estados Unidos”, diz a ordem, destacando que devem ser tomadas medidas “agressivas” com a finalidade de proteger o país.
O documento formaliza o que já se sabia. Quando confirmou o interesse em adquirir o TikTok, a Microsoft citou que teria 45 dias para concluir as negociações. Na prática, Trump consegue deixar o aplicativo sem saída.
WeChat é concorrente chinês do WhatsApp. Imagem: Reprodução
De qualquer forma, o app como é hoje terá de deixar os EUA. Agora, resta à empresa escolher o tamanho do próprio prejuízo: vender seus ativos por meio de termos e condições apressados ou simplesmente ir embora sem nada.
Em relação ao WeChat, nenhuma empresa americana manifestou interesse em comprá-lo até o momento.
Com a aproximação das eleições americanas, a ordem serve também como uma demonstração de poder do presidente e da própria nação, que, segundo o slogan de campanha de Trump, precisa ser “grande novamente”. Em comunicado oficial, no entanto, o TikTok aponta uma mancha na reputação dos EUA.
“Esta ordem executiva corre o risco de minar a confiança das empresas globais no compromisso dos Estados Unidos com o Estado de Direito, que serviu como ímã para investimentos e estimulou décadas de crescimento econômico americano. Ela estabelece um precedente perigoso para o conceito de liberdade de expressão e de mercado”, afirma o aplicativo.
Tanto a Microsoft como o WeChat preferiram não se manifestar.
Via: The Washington Post