A Uber finalmente anunciou quem será seu novo CEO, e, embora o nome Dara Khosrowshahi talvez não seja bem conhecido entre os brasileiros, uma das empresas que ele comandava até decidir saltar para a Uber ficou bem popular no país há alguns meses.

Khosrowshahi, de 48 anos, era CEO da Expedia, uma empresa especializada em produtos de turismo e que é dona de marcas como Hotels.com e Trivago, sendo que esta última caiu nas graças da internet brasileira no começo deste ano porque um de seus comerciais, que apresentava e explicava o serviço da empresa de forma bem didática, foi exibido à exaustão na TV.

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A Uber já tinha informado, no último fim de semana, que havia batido o martelo em relação a quem seria o CEO, mas se recusou a confirmar o nome do escolhido antes de passar a notícia a seus funcionários — o que foi feito ontem por meio de um comunicado interno tornado público nesta terça-feira, 29.

“Estamos muito felizes por ganhar um líder com a experiência, o talento e a visão de Dara”, diz o conselho administrativo e a equipe de lideranças executivas na carta. Eles dizem acreditar que Khosrowshahi seja a melhor pessoa para comandar a companhia não apenas no desenvolvimento de produtos, mas também no sentido de melhorar seus valores culturais a fim de tornar a Uber “o melhor lugar para se trabalhar”.

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As provações do novo CEO

Esse é o principal desafio de Khosrowshahi. Tendo assumido no lugar de Travis Kalanick, cofundador da Uber, o ex-chefe da Expedia tem a missão de remodelar a imagem de uma empresa que passou os últimos meses mergulhada em polêmicas, seja envolvendo autoridades, motoristas e até mesmo seus gerentes.

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O pontapé da crise institucional foi uma carta de uma ex-funcionária na qual ela detalhava como seguidas situações de assédio moral e sexual a forçaram a pedir demissão. Outros casos semelhantes começaram a pipocar, ao mesmo tempo em que a empresa teve de lidar com campanhas de boicote que derrubaram sua base de usuários.

Isso sem contar que ocorreram problemas ainda mais sérios, como quando altos executivos desconfiaram de uma pessoa que foi estuprada por um de seus motoristas e resolveram investigar a denúncia paralelamente às autoridades — que haviam condenado o motorista a prisão perpétua.

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Para tentar acalmar os ânimos, a Uber contratou uma auditoria externa, e o trabalho mostrou que precisavam ser feitas mudanças estruturais, o que resultou na demissão de mais de 20 pessoas e, eventualmente, na renúncia de Kalanick.

A empresa, então, vinha passando por dias menos agitados enquanto buscava por um novo CEO, mas isso não significa calmaria, tanto que a Uber recentemente foi acusada de alugar carros que a empresa sabia serem defeituosos e, neste fim de semana, uma escritora brasileira denunciou ter sido estuprada por um motorista a serviço da empresa. Dara Khosrowshahi terá um desafio e tanto pela frente.