Com Baidu e Weibo, Índia amplia lista de aplicativos chineses banidos

Mais de uma centena de apps já foram retirados das lojas do Android e do iOS e outros 275 podem ter o mesmo futuro; se os EUA copiarem a medida, empresas como Epic e Riot Games podem ser afetadas
Renato Mota04/08/2020 16h02, atualizada em 04/08/2020 16h08

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Enquanto os Estados Unidos debatem a possibilidade de bloquear o TikTok e outros aplicativos de companhias chinesas, a Índia ampliou sua lista de apps proibidos, que já passa de uma centena. O jornal The Times of India relata que o governo local pediu que as lojas de aplicativos do Google e da Apple expurgassem do país o Baidu Search e o Weibo.

A Índia já bloqueou pelo menos 106 aplicativos desenvolvidos por empresas chinesas, alegando que eles representam uma ameaça à segurança do país. Uma lista com 59 apps chineses foi divulgada no fim de junho, que incluía TikTok e WeChat. Em julho, foi a vez de outros 47 apps serem banidos do país, incluindo o Cam Scanner Advance e versões lite personalizadas do Helo e ShareIt.

A repressão de aplicativos chineses pelo governo indiano está longe de terminar. Segundo fontes internas, os provedores de serviços de Internet da Índia também foram obrigados a proibir os aplicativos. Os dois países estão há décadas em uma disputa territorial sobre a soberania territórios na fronteira sino-indiana.

As medidas do governo indiano em relação aos aplicativos parecem demonstrar que o país está disposto a levar questão também para o campo da tecnologia. E com mais de um bilhão de habitantes, a perda do mercado indiano será um grande baque para as empresas chinesas. Nesta história, os maiores beneficiário foram o Facebook e o Instagram. Segundo a empresa de pesquisa Kantar, ambas as redes sociais testemunharam um aumento de 30% no envolvimento de usuários no país nas últimas semanas.

Alvos em potencial

Muitos dos aplicativos banidos na Índia podem encontrar o mesmo destino nos Estados Unidos. No domingo (2), o secretário de Estado Mike Pompeo alegou que algumas das empresas de tecnologia do país asiático estavam “fornecendo dados diretamente ao Partido Comunista Chinês”. Pompeo só nomeou, porém, o WeChat da Tencent, além do TikTok.

Na China, o WeChat é mais do que uma rede social – oferece maneiras de efetuar pagamentos, executa programas adicionais, serve como agenda e feed de notícias, além de mensagens e outras atividades sociais. Com mais de um bilhão de usuários ativos, o app funciona quase como um tipo de sistema operacional secundário que roda sobre o iOS ou Android. A Tencent garante que todo o conteúdo compartilhado entre usuários internacionais do WeChat permanece privado.

Outros apps da lista indiana que podem ser banidos também dos EUA incluem o Baidu Maps e Baidu Translate (que competem com os produtos do Google), o Weibo  (um Twitter chinês), os jogos “Clash of Kings” e “Mobile Legends Bang Bang”, o app de digitalização CamScanner e o e-mail QQMail.

O governo indiano supostamente está considerando ainda proibir outros 275 aplicativos, alguns dos quais podem ser mais familiares para o público ocidental, como a gigante do varejo online AliExpress, jogos da NetEase (alguns que até licenciam conteúdo da Marvel), o popularíssimo Player Unknown Battlegrounds (PUBG) Mobile, da Tencent e vários aplicativos da marca Mi, da fabricante de celulares Xiaomi

A imprensa indiana sugeriu que a finlandesa Supercell – desenvolvedora do “Clash of Clans” – também pode ser banida na Índia, com base no fato de a Tencent ter uma grande participação no negócio. Se os EUA seguirem essa linha, a Riot Games, criadora de “League of Legends”, e a Epic Games, de “Fortnite”, também podem ter motivos para se preocupar.

Via: GizChina/BBC

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital