Pouco depois de informações sugerirem que a Apple vai investir US$ 1 bilhão em conteúdo original em 2018 para criar sua própria “Netflix”, a Netflix deixou claro que não está para brincadeira. O diretor de conteúdo da empresa, Ted Sarandos, falou durante uma entrevista à Variety que seu serviço de streaming deve investir cerca de US$ 7 bilhões (R$ 22,14 bilhões) em conteúdo original no ano que vem.

Esse investimento não será um caso exclusivo. Na mesma entrevista, ele mencionou que o investimento em 2017 deve chegar a US$ 6 bilhões, e que em 2015 ele chegou a US$ 5 bilhões. “A grande maioria desse valor vai para o licenciamento de conteúdos”, comentou. Isso se refere a programas que a Netflix “compra” de outros produtores para disponibilizar a seus assinantes. “Ainda deve levar uns dois anos até chegarmos a 50-50”, concluiu. Por “50-50”, Sarandos se refere a ter metade do conteúdo do serviço produzido pela própria empresa.

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No total, o serviço já tem mais de 104 milhões de assinantes em 190 países. A China, no entanto, ainda não tem o serviço, e, segundo Sarandos, “isso não deve acontecer muito cedo”. Mas, de acordo com ele, há outros mercados dando retornos impressionantes à empresa – e o Brasil é um deles. “A América Latina tem sido um foguete para nós”, comentou. 

Ficando na ponta

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O valor de US$ 7 bilhões pode parecer arriscado, mas o fato é que a Netflix geralmente tem bastante retorno com os seus investimentos em conteúdos originais. No pior dos casos, a empresa pode cancelar uma série na sua primeira ou segunda temporada, como aconteceu neste ano com “Sense8”, “Girlboss” e “The Get Down”.

Segundo Sarandos, nesses casos eles sempre oferecem aos diretores uma oportunidade para encerrar a história. No caso de “Sense8”, foi ele quem sugeriu um episódio final de duas horas para a série. Inicialmente, a diretora da série, Lana Wachowski, recusou a oferta; em seguida, vendo os lamentos dos fãs com o cancelamento do programa, ela reconsiderou e fez um episódio final de duas horas. 

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A Apple não é a única concorrência que a Netflix terá que encarar no futuro. A empresa também enfrenta a possibilidade de que a Disney remova seus programas da plataforma em 2018 ou 2019 para criar seu próprio serviço de streaming. Nesse caso, ela está tentando manter pelo menos os programas da Marvel e da saga “Star Wars” em seu catálogo

Recentemente, a Netflix fez também sua primeira aquisição, comprando a empresa Millarworld, uma editora de quadrinhos. O movimento parece ser uma primeira atitude da empresa no sentido de criar sua própria linha de super-heróis e não depender tanto da Marvel. Conteúdo original, afinal, é uma das principais metas de Sarandos. “Quanto mais sucesso a gente tem, mais ansioso eu fico quanto à disponibilidade das redes de licenciar seu conteúdo para nós”, diz.