Discrepâncias entre Oracle e ByteDance podem ameaçar TikTok nos EUA

Enquanto a ByteDance diz que a 'TikTok Global' será sua subsidiária, a Oracle garante que a companhia chinesa não teria nenhuma participação na nova empresa
Renato Mota21/09/2020 19h43

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Quando parecia perto do fim, a novela do TikTok sofreu com um “plot twist” nesta segunda-feira (21) e a manutenção da rede social nos Estados Unidos está novamente sob grande ameaça. A ByteDance e a Oracle estão “batendo cabeça” sobre os termos do um acordo que chegaram com a Casa Branca para permitir que o aplicativo continue a operar nos Estados Unidos, o que pode fazer com que o presidente Donald Trump volte a determinar seu banimento.

O prazo original para que o TikTok (e outro app chinês, o WeChat) parassem de funcionar nos EUA se encerraria no último domingo (20). Porém, uma juíza da corte distrital de São Francisco inicialmente suspendeu a ordem de banimento e na véspera (19), Trump deu aval a um acordo entre a Oracle e o Walmart para administrar o TikTok nos EUA.

Tudo parecia se encaminhar para um final feliz quando a ByteDance disse nesta segunda-feira que terá 80% da TikTok Global – a empresa norte-americana recém-criada que será proprietária da maioria das operações do aplicativo no mundo. A empresa chinesa ainda acrescentou que a TikTok Global seria sua subsidiária.

O problema é que a Oracle e o Walmart – que concordaram em adquirir participações de 12,5% e 7,5% na empresa, respectivamente, por US$ 60 bilhões – tinham garantido que a participação majoritária da TikTok estaria em mãos norte-americanas. A Oracle ainda comunicou que a propriedade da ByteDance sobre o TikTok seria distribuída aos investidores, e que a companhia com sede em Pequim não teria nenhuma participação na nova empresa.

Jer123/Shutterstock

Sede da Oracle em Reston, no estado da Virgínia. Imagem: Jer123/Shutterstock

Em diversas entrevistas, Trump falou que o TikTok deve ser totalmente controlado pelos norte-americanos. “Se descobrirmos que eles não têm controle total, então não vamos aprovar o negócio”, disse o presidente à Fox News. Mas o acordo de governança corporativa que as empresas divulgaram não concede controle total à Oracle e ao Walmart.

De acordo com a agência Reuters, algumas fontes próximas ao acordo estão tentando reconciliar as discrepâncias apontando que 41% da ByteDance é de propriedade de investidores dos EUA. Portanto, ao contar essa propriedade indireta, a TikTok Global seria majoritariamente detida pelas partes norte-americanas.

Na composição da TikTok Global, o presidente-executivo do Walmart, Doug McMillon, seria um dos cinco diretores do conselho, que ainda teria o fundador da ByteDance, Zhang Yiming, e os chefes dos dois maiores investidores da ByteDance, General Atlantic e Sequoia Capital.

Por enquanto, pelo menos oficialmente, o Secretário de Comércio dos EUA, Wilbur Ross, adiou a proibição do TikTok em uma semana, para o próximo dia 27. A Oracle foi escolhida como fornecedora de nuvem segura para o TikTok, enquanto o  Walmart concordou provisoriamente com a compra das ações. As empresas ainda fariam uma contribuição de US$ 5 bilhões para um fundo educacional.

A Oracle e o Walmart também disseram que os dados dos usuários do TikTok dos EUA seriam movidos para a infraestrutura “segura” em nuvem da Oracle. Mas ainda não há um cronograma para o cumprimento de todas essas promessas. O plano não envolveria qualquer transferência de algoritmos ou tecnologias – a Oracle só será capaz de inspecionar o código-fonte da TikTok dos EUA.

Via: Reuters

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital