A organização ambiental sem fins lucrativos Greenpeace divulgou recentemente o relatório “Clicking Clean 2017: Who Is Winning the Race to Build a Better Internet?” (pdf). O documento avalia as principais companhias de tecnologia do mundo quanto a sustentabilidade ambiental e premiou a Apple como empresa mais “verde” do mercado.

Esse foi o terceiro ano seguido em que a empresa da maçã recebeu os principais louros do levantamento do Greenpeace, segundo o Business Insider. Além da Apple, o Google e o Facebook receberam também notas positivas da organização. A Amazon foi outra gigante de tecnologia que teve um desempenho positivo, embora o Greenpeace note que sua “continuada falta de transparência” e seu crescimento baseado em energia suja prejudicaram seu desempenho.

De acordo com a pesquisa, o setor de TI já consome mais de 7% da energia do mundo. E essa porcentagem deve aumentar muito nos próximos anos, já que dados citados pela organização indicam que o tráfego de internet deve triplicar até 2020. Por esses motivos, garantir que o setor opere de maneira ambientalmente sustentável é essencial para a preservação do meio ambiente.

“Graças à liderança e ao apoio de empresas como Apple, Google, Facebook e Switch, estamos vendo a insústria de tecnologia dar grandes saltos em direção a mover a internet com energia limpa”, diz o Greenpeace no relatório. O Google já se comprometeu a funcionar totalmente com energia renovável. A Apple, por sua vez, fez uma promessa semelhante, e sua nova sede terá mais de 65 mil metros quadrados de painéis solares

Categorias e vencedores

O estudo avalia as empresas segundo cinco categorias: Transparência de energia, Compromisso com energia renovável, Eficiência energética e mitigação, Compras renováveis, e Apoio a políticas verdes (Advocacy). Ele também mostra a porcentagem do consumo de energia das empresas que vem de fontes renováveis. Em cada categoria, as empresas recebem uma nota de A (a melhor) a F (a pior).

A Apple teve um A em todas as categorias, exceto “Apoio a políticas verdes”, e 83% de sua energia usada são consideradas “verde” – ou seja, vem de fontes renováveis. Uma avaliação idêntica foi dada ao Facebook e às empresas associadas a ele, como WhatsApp e Instagram, que usam 67% de energia “verde”. O Google e as empresas associadas a ele, como o YouTube, também tiveram A em todas categorias exceto uma. Mas, no caso deles, a nota inferior foi para a categoria “Transparência de energia”. 56% da energia que eles usam são consideradas “verde”.

Esse desempenho das empresas de tecnologia acabou deixando a situação feia para a Microsoft, que, embora tenha um porte parecido com as demais vencedoras, ficou atrás delas em sustentabilidade. A fabricante do Windows teve três notas B e uma nota C, e apenas 32% da energia que ela usa em suas operações vêm de fontes renováveis.

Houve, porém, uma empresa que tirou A em tudo. Trata-se da Switch, uma empresa relativamente nova que constrói data centers. Além de ter uma nota perfeita em todas as categorias, a Switch usa energia 100% verde, e foi citada pelo Greenpeace como “a lider definitiva dentre as operadoras de co-locação por seus esforços para transpor sua frota de data centes para energia renovável o mais rápido possível”.

Destaques negativos

Diversos serviços de streaming, por sua vez, tiveram avaliações aquém do aceitável no relatório do Greenpeace. De maneira geral, os serviços de streaming (tanto de áudio quanto de vídeo) e as empresas asiáticas foram os principais vilões do relatório.

No ramo de streaming de áudio, o iTunes foi de longe o melhor avaliado, recebendo as mesmas notas da Apple. O Soundcloud, por outro lado, foi o pior: teve nota F em todas as categorias, e apenas 17% de sua energia vêm de fontes renováveis. O Spotify não ficou muito melhor: a única categoria na qual ele não tirou F foi “Compras renováveis”, na qual teve um C. O Spotify começou em fevereiro a usar o serviço de nuvem do Google, o que pode explicar tanto esse C quanto o fato de que 56% da energia que ele usa são “verdes”.

Com relação a streaming de vídeo, o YouTube foi o único que se salvou, com a mesma nota do Google. A Netflix tirou três Fs, um C em “Eficiência energética” e um D em “Compras renováveis”; apenas 17% da energia que ela usa são renováveis. Recém-chegado ao Brasil, o Amazon Prime se saiu melhor: teve um F, um D, dois Cs e um B, mas também só usa 17% de energia “verde”. O Vimeo, embora use 47% de energia “verde”, também teve três Fs, um D e um C. 

Gigantes asiáticas como a Alibaba, Baidu, Tencent, Samsung, LG CNS e WeChat foram uniformemente péssimas na avaliação do Greenpeace. A LG foi o caso mais grave: além de ter F em tudo, apenas 2% de sua matriz energética são compostas por fontes renováveis. Considerando o tamanho dessas empresas – e o fato de que o tráfego na internet deve crescer mais nesses países que em outros – esse resultado é muito negativo, conforme apontou a CNBC.