Após informar na segunda-feira que um “agente estatal” estava bloqueando o acesso de Julian Assange à internet, o Wikileaks divulgou hoje que esse “agente estatal” era o Equador. Assange, o fundador do Wikileaks, está asilado na embaixada equatoriana em Londres desde agosto de 2012.
O site informou por meio do Twitter que o bloqueio da internet de Assange foi feito no sábado pelo governo do Equador. A motivação para essa atitude, de acordo com o Wikileaks, seria a publicação de uma série de documentos sigilosos referentes à campanha presidencial da candidata Hillary Clinton. O tweet do site pode ser visto abaixo:
We can confirm Ecuador cut off Assange’s internet access Saturday, 5pm GMT, shortly after publication of Clinton’s Goldman Sachs speechs.
— WikiLeaks (@wikileaks) October 17, 2016
Inicialmente, os principais governos suspeitos de cortar a internet de Assange eram o Reino Unido e os Estados Unidos, segundo a Reuters. A polícia do Reino Unido, desde agosto de 2012, busca apreender Assange porque ele é acusado de crimes sexuais na Suécia. Caso ele seja capturado, ele pode ser extraditado para os Estados Unidos, onde seria julgado por divulgar documentos confidenciais.
Eleições
Embora o governo do Equador não tenha dado nenhuma explicação para o motivo do bloqueio de acesso, o Ministro do Exterior do país, Guillaume Long, afirmou que “as circunstâncias que levaram à concessão de asilo político permanecem”. Assim sendo, o status de Assange enquanto asilado político não mudou.
No entanto, é possível que as eleições nos Estados Unidos tenham a ver com a suspensão do acesso à internet do fundador do Wikileaks. O país atualmente é governado por Rafael Correa, que declarou publicamente seu apoio a Hillary Clinton. Em um comunicado à rede Russia Today no mês passado, Correa disse que “Pelo bem dos Estados Unidos e do mundo… Eu gostaria de que a Hillary ganhasse”.
Política
Correa permanece no cargo até o fim desse ano, quando um novo presidente eleito deve assumir a presidência do Equador. A campanha de Clinton, por sua vez, tem sido alvo de uma série de vazamentos de e-mails do Wikileaks.
Mais especificamente, o site vem publicando um acervo de e-mails trocados por John Podesta, o ex-conselheiro da Casa Branca que atualmente lidera a campanha da candidata. Mesmo com o corte da internet de Assange, duas novas levas de e-mails foram divulgadas pelo site nas últimas 24 horas.
Ainda de acordo com o Wikileaks, o Equador poderia estar respondendo a ordens dos EUA quando cortou a internet de Assange. Segundo o site, o diplomata estadunidense John Kerry já havia pedido ao governo equatoriano que suspendesse a internet de Assange para evitar a divulgação de documentos sigilosos durante as negociações de paz com as FARC.