Ursos polares podem ser extintos até o fim do século, diz estudo

Se o ritmo de aquecimento global e diminuição da quantidade de gelo no Ártico se mantiverem, as populações de ursos polares não terão comida o suficiente para sobreviver
Renato Mota21/07/2020 22h25

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Se nada for feito para combater – ou pelo menos desacelerar – as mudanças climáticas, os ursos polares estarão extintos até o fim do século. “‘Os ursos polares precisam de gelo marinho para capturar focas e podem desaparecer à medida que o aquecimento global e a perda de gelo marinho continuarem”, afirma um estudo publicado na Nature Climate Change.

Segundo os cientistas, algumas populações já atingiram seus limites de sobrevivência à medida que o gelo do Ártico diminui. Sem ele, os animais são forçados a vagar por longas distâncias ou até a praia, onde lutam para encontrar comida e alimentar seus filhotes. “Os ursos polares já estão no topo do mundo; se o gelo sumir eles não têm para onde ir”, afirma Peter Molnar, um dos autores do estudo e pesquisador da Universidade de Toronto, Canadá.

O estudo modelou o gasto de energia dos ursos polares para calcular seus limites de resistência – o quanto eles podem jejuar antes que o recrutamento de filhotes ou a sobrevivência de adultos sejam severamente afetados. Esses dados, combinados com o número projetado de dias sem gelo, revela quando os impactos demográficos provavelmente ocorrerão em diferentes subpopulações no Ártico.

A pesquisa ainda sugere que, com a contínua alta de emissões de gases de efeito estufa, a reprodução e a sobrevivência de quase todas as subpopulações de ursos do Ártico, com exceção de apenas algumas, declinarão de maneira acentuada até 2100. “A mitigação moderada de emissões pode prolongar a persistência de algumas espécies, mas é improvável que evite algumas extinções ainda neste século”, escreveram os cientistas.

Steven Amstrup, cientista-chefe da Polar Bears International, que também participou do estudo, disse à BBC News que “o que mostramos é que, além do comprometimento no nascimento de novos filhotes, os que sobreviverem estão em risco pois as fêmeas não terão gordura corporal suficiente para produzir leite e cuidar deles durante a estação sem gelo”.

O gelo marinho Ártico diminui a uma taxa de cerca de 13% por década desde que os registros de satélite começaram no final dos anos 1970. E mesmo que sejam alcançadas metas de redução moderada de emissão de gases do efeito estufa, várias populações de ursos desaparecerão. “A trajetória em que estamos agora não é boa, mas se a sociedade agir em conjunto, teremos tempo para salvar os ursos polares. E, se o fizermos, beneficiaremos o resto da vida na Terra, inclusive a nós mesmos”, avalia Amstrup.

Via: BBC

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital