Tecnologia, criatividade e muito dinheiro: conheça a cultura dos PCs ‘tunados’

Redação02/02/2017 19h50, atualizada em 02/02/2017 21h09

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Já é tradição visitar a Campus Party Brasil – uma das maiores feiras de tecnologia do país, realizada ano após ano em São Paulo – e dar uma olhada nos casemods. Trata-se de uma das áreas mais atraentes do evento, cheia de novidades e boas oportunidades de fotos.

Mas o que são “casemods”? Estamos falando de uma cultura espalhada entre entusiastas de tecnologia semelhante à dos cosplayers e a do tunning de carros. A ideia é personalizar e incrementar o visual e a potência de um PC até níveis inimagináveis.

O limite para os casemodders é só a tecnologia disponível, o dinheiro pronto para ser gasto e a criatividade de cada um. Neste ano, decidimos conversar com alguns dos criadores que estão expondo seus trabalhos na Campus Party para entender o que os leva a abraçar esse “estilo de vida”.

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Maciel Barreto é um empresário de 37 anos que há cerca de nove anos frequenta a Campus Party trazendo seus próprios casemods. O que começou com um hobby, hoje é uma verdadeira profissão. O baiano de Itajuípe conta com uma pequena equipe para trazer suas extravagantes criações à feira, além de participar de competições nacionais e internacionais.

“É um esporte muito bonito”, diz Maciel ao Olhar Digital. “É muito semelhante à personalização de carro, o ‘tunning’, mas só que com a CPU de um computador.” O empresário hoje conta com patrocínio para participar das competições, o que inclui o uso de hardware oferecido por grandes empresas do mercado de tecnologia.

Maciel afirma que já chegou a gastar mais de R$ 20 mil montando um casemod, mas que hoje os custos são bem mais reduzidos graças às marcas que o patrocinam. “Muitas vezes usamos até hardware que nem foi ao mercado ainda, nem estão disponíveis para compra. As empresas gostam de ser expostas em casemods”, diz.

A inspiração pode vir de vários cantos. Uma das máquinas levadas pelo empresário à feira é baseada no vilão Brainiac, dos quadrinhos do Superman, em uma mistura com um dos alienígenas do filme “MIB – Homens de Preto”. Já Allyson Carneiro, empresário de 30 anos que já deu até palestras na Campus Party, trouxe neste ano um casemod inspirado no anime “Dragon Ball”.

“Sempre me baseio em filmes, animes, jogos… Há alguns anos fiz um do Capitão América, também fiz um da série ‘Fifa’ [simulador de futebol da EA Sports]. ‘Dragon Ball’ fez parte da minha infância, por isso resolvi fazer do Goku”, afirma o empresário. Segundo Allyson, que também conta com patrocinadores e também já venceu campeonatos mundiais, a fabricação do seu mais novo casemod levou apenas 30 dias.

Reprodução

O processo é simples: a patrocinadora encaminha um gabinete comum, pronto para ser montado com componentes de última geração. Allyson então elabora um esboço de como o casemod vai ficar usando o software de design CorelDraw. Para economizar, ele tenta reutilizar ao máximo materiais usados em outros mods. Em 2017, sua obra custou menos de R$ 600 para ficar pronta.

Há, porém, quem prefira algo ainda mais extravagante. É o caso do técnico em informática Douglas Alves, que trouxe à Campus Party deste ano um imenso casemod estrelando o personagem Chaves, da série mexicana de mesmo nome. Além dele, Douglas trouxe também um outro projeto, mais pessoal, baseado no game de tiro em primeira pessoa “Titanfall”.

Para construir o PC do Chaves, Douglas levou cerca de dois meses, abusando de materiais como acrílico, isopor, verniz e muita criatividade. Já a torre de “Titanfall” foi a mais cara e a mais demorada que ele já montou: R$ 30 mil, num processo que levou oito meses.

Os casemods não são apenas bonitos, mas são também muito potentes. Douglas diz que sua obra inspirada em Chaves “é um PC para games de última geração, é só colocar uma placa de vídeo melhorzinha”. Todos os entrevistados usam pentes de ao menos 12 GB de RAM, GPUs top de linha da Nvidia e, para lidar com todo aquele calor produzido pela máquina, sistemas de refrigeração que vão desde água até nitrogênio líquido.

Segundo Maciel, PCs como esses que se vê na Campus Party chegam a ser, pelo menos, “50 vezes melhores do que o que uma pessoa tem em casa”. O empresário afirma que o cenário de casemods no Brasil é um dos melhores do mundo, sempre surpreendendo em competições internacionais. “O brasileiro tem muita criatividade, concorrendo sempre com os recursos e a logística que os estrangeiros têm. Mesmo assim, a gente consegue se destacar”, conclui.

Veja alguns dos melhores casemods da Campus Party Brasil 2017:

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital