O 5G promete revolucionar a indústria de dispositivos inteligentes. Com conexões mais rápidas, a tecnologia já impacta desde a indústria automotiva até a fabricação de itens domésticos. A nova geração de redes móveis, no entanto, ainda apresenta um potencial disruptivo em uma área que ganhou ainda mais ênfase com a pandemia do novo coronavírus: a assistência médica.
Em um artigo do site britânico CNET, especialistas apontam que o 5G introduz novas oportunidades que variam de hospitais inteligentes e consultas remotas, até o uso da realidade aumentada em diagnósticos e cirurgias. Isso graças à rápida transferência de dados, o período de latência e confiabilidade das conexões.
Consultas remotas
Diante da pandemia do novo coronavírus, a telemedicina se tornou uma opção de atendimento médico para pacientes evitarem a exposição ao vírus em centros hospitalares. No Brasil, autoridades estabeleceram uma regulação provisória para a prática no país em meio ao enfrentamento à Covid-19.
Embora o serviço já seja realidade, a nova geração de rede móvel deve transformar dispositivos, incluindo aparelhos vestíveis, implantes médicos, rastreadores e até escovas de dentes, em ferramentas importantes para fornecer informações em tempo real do paciente para médicos.
Decreto do Ministério da Saúde publicado em março determina que médicos que realizarem atendimento por telemedicina estão autorizados a emitir receitas e atestados mediante assinatura eletrônica. Imagem: Olhar Digital
Já Shafiq Rab, diretor de informações do Rush University Medical Center, ressalta em entrevista para o CNET que a tecnologia também introduz a realidade virtual para simular a ambientação de escritórios e salas médicas. Segundo ele, o recurso seria especialmente benéfico para pacientes com transtornos psicológicos de ansiedade e depressão.
“Torna-se o mais real possível porque você está imerso nele”, disse ele.” Você faz parte do ambiente, em vez de apenas olhar a foto de um vídeo”, disse Rab.
Hospitais inteligentes
O 5G também vai contribuir para o desenvolvimento de centros de saúde inteligentes, aponta reportagem do CNET. Rab destaca que a troca de informações do paciente com médicos ocorrerá a partir do momento em que a pessoa chegar ao estacionamento do local. “A temperatura corporal será examinada, os dispositivos conversarão entre si, as notificações serão enviadas aos pacientes e médicos”, afirmou.
A empresa de telecomunicações norte-americana AT&T já instalou uma rede 5G no centro médico da Universidade Rush, nos Estados Unidos. Ao CNET, Mo Katibeh, chefe de marketing da companhia, disse que tudo pode ser conectado dentro do hospital. De acordo com ele, isso permite o desenvolvimento de uma variedade de recursos, como sistemas de monitoramento de estoques de remédios e ferramentas para garantir que determinados locais sejam acessados apenas por pessoal autorizado.
Na previsão dos especialistas, o 5G ainda pode aprimorar o sistema de comunicações dos hospitais para informar sobre necessidade de pacientes internados. Outra vantagem será a redução da possibilidade de disseminação de doenças. Com o 5G usuários poderão acionar elevadores de próprios dispositivos, sem a necessidade de tocarem em superfícies compartilhadas, como botões.
Realidade aumentada
De acordo com o CNET, os aprimoramentos de recursos de realidade aumentada vão trazer novos benefícios para processos de diagnósticos por imagem, como ultrassons e raio-X. Esses exames são fundamentais para que médicos possam entender o que se passa no organismo interno do paciente.
Entretanto, os arquivos gerados nos testes costumam demorar, atualmente, mais de um minuto até que sejam carregados em bancos de dados de centros hospitalares. Isso atrasa também o compartilhamento de documentos entre diferentes médicos e instituições de saúde. Na medicina, no entanto, um único segundo pode fazer toda a diferença para um paciente.
“Pense no caso de um paciente com ataque cardíaco e na possibilidade do médico identificar possíveis obstruções em tempo muito mais real”, disse Maggie Hallbach, executiva da operadora norte-americana Verizon.
Óculos de realidade mista da Microsoft, Hololens 2 é um dos dispositivos que pode auxiliar alunos de medicina a estudarem a anatomia do corpo humano. Imagem: Reprodução
Especialistas ainda estimam que o 5G possibilitará métodos de diagnóstico em três dimensões. Um óculos inteligente equipado com realidade aumentada, por exemplo, permitiria médicos projetarem imagens em 3D de um braço quebrado de um paciente e avaliar com precisão a necessidade de uma cirurgia. Seria possível também, analisar os locais adequados de uma eventual incisão, tornando procedimentos menos invasivos.
Os benefícios referentes à realidade aumentada e à realidade virtual ainda podem chegar às universidades. Estudantes de medicina poderiam usar óculos inteligentes para pesquisar a anatomia do corpo humano, em vez de dissecar cadáveres.
Cirurgia Robótica
Para além do universo da realidade aumentada, Mo Katibeh acredita que devido à baixa latência da rede, o 5G pode fomentar o desenvolvimento de cirurgias robóticas – isto é, procedimentos em que o cirurgião realiza intervenções no paciente remotamente através de uma máquina.
Ao CNET, Katibeh afirma que a modalidade exigiria uma latência de rede menor que 10 milissegundos. Para ele, caso esse patamar seja garantido pela conexões 5G “não terá diferença se o cirurgião estiver na sala de operação ou a dezenas ou centenas de milhas de distância”.
Shafiq Rab, no entanto, destaca que a cirurgia robótica ainda é uma possibilidade distante mesmo para as redes 5G atuais mais maduras. “Ninguém em sã consciência faria isso agora. Sem a largura de banda em tempo real, isso não vai acontecer”, afirmou ao CNET.
Fonte: CNET