Tardígrados também são resistentes à radiação ultravioleta, diz estudo

Espécie microscópica já apresentou persistência em outros ambientes hostis; sua capacidade de autofluorescência foi observada por cientistas
Leticia Riente15/10/2020 17h25, atualizada em 15/10/2020 18h04

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De acordo com um estudo publicado na Biology Letters nesta semana, tardígrados possuem a capacidade de sobreviver a doses letais de radiação ultravioleta. A descoberta só reforça a suspeita de que o animal microscópico seja indestrutível, considerando sua persistência às altas temperaturas, pressões e vácuos sem ar no espaço. A espécie está entre as mais resistentes do mundo.

Em um novo estudo desenvolvido por cientistas do Instituto Indiano de Ciência, o processo é detalhado em tardígrados do gênero Paramacrobiotus, pertencente à classe Eutardigrada. Vale lembrar que a capacidade de sobrevivência da espécie frente à radiação já havia sido observada antes em outras pesquisas, mas a ação descoberta pelos pesquisadores indianos mostra um mecanismo biológico diferente para tal.

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Além de apresentar resistência em vários outros ambientes, os tardígrados também persistem na radiação ultravioleta. Créditos: 3Dstock/Shutterstock

O experimento seguiu da seguinte forma: a equipe isolou o animal a partir de uma amostra de musgo que estava crescendo em uma parede de concreto. Em testes posteriores, os cientistas subterram os tardígrados à radiação ultravioleta emitida por uma lâmpada germicida, que normalmente é utilizada usada para fins de esterilização, matando organismos como bactérias.

O resultado foi o extremo brilho demonstrado pelo animal, que apresentou uma fluorescência natural chamada autofluorescência. O aspecto também pode ser observado em papagaios, camaleões e sapos, embora seu propósito permaneça enigmático.

“O significado funcional desse fenômeno não é claro, embora a sinalização visual para parceiros potenciais tenha sido atribuída aos papagaios”, explicam os pesquisadores, liderados pelo primeiro autor e bioquímico Harikumar Suma.

No entanto, o gênero Paramacrobiotus foi capaz de permanecer uma hora sob a radiação ultravioleta e ainda resistir aos danos causados por ela, o que não ocorre com outras espécies de animais.

Testes com espécie rival

Para realmente comprovar o poder dos seres conhecidos como ursos d’água, os estudiosos também fizeram os experimentos com uma espécie rival, a Hypsibius Exemplaris, e alguns outros vermes vizinhos que não tiveram a mesma sorte de sobrevivência sob a radiação.

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Mesmo quando exposta à radiação ultravioleta, espécie sobreviveu. Créditos: 3Dstock/Shutterstock

Segundo os cientistas, a fluorescência é exatamente o que torna os tardígrados resistentes à propagação de energia. Isto porque a equipe extraiu parte do produto químico da espécie e cobriu o H. Exemplaris. Quando mergulhado no extrato brilhante, o animal apresentou mais tolerância do que antes.

“Isso fornece a demonstração experimental direta da fotoproteção por fluorescência”, concluíram no estudo. “O composto fluorescente forma um ‘escudo’ contra a radiação ultravioleta protegendo esses tardígrados de seus efeitos letais. Especulamos que a cepa de Paramacrobiotus BLR provavelmente desenvolveu esse mecanismo de fluorescência para conter a alta radiação ultravioleta do sul tropical da Índia (o índice de UV pode chegar até 10)”, finalizaram.

Via: Science Alert

Colaboração para o Olhar Digital

Leticia Riente é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital