Spotify, Apple, Uber e outras empresas tomam atitudes contra grupos de ódio

Redação17/08/2017 13h49, atualizada em 17/08/2017 14h19

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A resposta da indústria da tecnologia às manifestações racistas que ocorreram no último fim de semana nos EUA tem sido lenta, mas gradual. A lista de empresas que tomaram atitudes contra grupos de ódio aumentou desde a última quarta-feira, 16, incluindo agora Spotify, Apple e Uber, entre outros nomes.

O Spotify anunciou nesta semana que vai banir do seu acervo bandas e músicas que reproduzem discursos supremacistas, racistas e neonazistas. A lista dos nomes expulsos não foi divulgada, mas, de acordo com informações do site Engadget, a empresa se baseou num relatório da Southern Poverly Law Center (SPLC), uma organização de combate à discriminação.

O relatório em questão lista 54 bandas racistas que poderiam ser encontradas no iTunes, Spotify ou mesmo na Amazon. O levantamento foi divulgado em novembro de 2014, mas não se tinha notícia da expulsão dessas bandas do acervo do Spotify desde então.

O site Digital Music News também publicou na última segunda-feira, 14, uma lista com 37 bandas supremacistas que podiam ainda ser encontradas no Spotify até então. Segundo o serviço de streaming, seu algoritmo de recomendações também será ajustado para evitar que bandas racistas apareçam nele.

Apple

A Apple foi uma das primeiras empresas a se manifestar publicamente sobre as manifestações nacionalistas do último fim de semana na cidade americana de Charlottesville, através de dois tweets do presidente da empresa, Tim Cook, que condenou o discurso de ódio dos manifestantes.

Só agora, porém, é que a empresa começou a tomar atitudes práticas. Sites que vendem produtos relacionados ao nazismo, como bandeiras, roupas ou outros itens, não podem mais contar com o Apple Pay, serviço de pagamento online da Maçã.

Além disso, o site BuzzFeed News divulgou um e-mail que Tim Cook enviou a todos os funcionários da Apple. No texto, o executivo diz que a empresa vai fazer uma doação de US$ 2 milhões à SPLC e também à Anti-Defamation League, outra organização de combate ao racismo nos Estados Unidos.

Cook ainda condena o posicionamento do presidente norte-americano Donald Trump, que disse que a culpa pelas manifestações que deixaram uma pessoa morta e quase 20 feridas foi “dos dois lados”. “Eu discordo do presidente e de outros que acreditam que há uma equivalência moral entre nazistas e aqueles que se opõem a eles, lutando pelos direitos humanos”, escreveu o executivo.

“Equiparar os dois vai contra nossos ideais como americanos”, disse ainda Cook. “Independentemente da sua visão política, nós todos temos que permanecer juntos neste ponto – de que somos todos iguais. Como empresa, através de nossas ações, produtos e nossa voz, temos que sempre trabalhar para garantir que todas as pessoas sejam tratadas igualmente e com respeito.”

Uber e outras empresas

Por fim, o aplicativo de transportes Uber também tomou a decisão de expulsar nacionalistas nos EUA. Tudo começou no último sábado, 12, quando uma motorista em Washington se negou a completar a corrida de James Allsup e Tim Gionet, dois líderes neonazistas americanos conhecidos por suas posições no Twitter.

Em seguida, a Uber apagou a conta dos dois passageiros e apoiou a decisão da motorista, que não teve seu nome divulgado. “Nossos parceiros têm o direito de recusar serviço a passageiros que faltam com respeito ou que os façam se sentir em risco, como foi o caso”, disse a empresa, em nota so site BuzzFeed News.

A Uber também afirmou em comunicado que os eventos em Charlottesville são “profundamente perturbadores e trágicos”, e que se opõe “ao ódio, à violência e à discriminação”. Em e-mail enviado aos motoristas cadastrados na região de Charlottesville, a empresa também lembrou que seus parceiros tinham total liberdade para recusar corridas se sentissem que o passageiro estava desrespeitando o código de conduta da plataforma.

Uber, Apple e Spotify se unem a uma lista que já inclui Facebook (que baniu grupos neonazistas), Twitter (que baniu usuários promovendo discurso de ódio), Google (que interrompeu a hospedagem de um site racista) e Airbnb (que também baniu usuários supremacistas em Charlottesville).

Além delas, há também o caso da PayPal, que, assim como a Apple, proibiu que seu serviço de pagamento online fosse usado em sites de neonazistas. Discord, uma espécie de sala de bate-papo para gamers, também desativou servidores ligados a grupos extremistas e que eram usados para promover discurso de ódio.

Squarespace, um serviço de hospedagem de sites semelhante ao WordPress, também anunciou que sites neonazistas foram banidos após as recentes manifestações. Outro alvo de sanções foi o site racista The Daily Stormer, que não só perdeu hospedagem da GoDaddy e do Google, como também foi proibido de realizar transações em Bitcoin pela Coinbase e perdeu sua proteção contra ataques DDoS da Cloudflare.

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital