Sintomas que causaram pausa no teste da vacina de Oxford são revelados

Mulher de 37 anos teve sintomas condizentes com mielite transversa, uma doença neurológica rara
Rafael Rigues17/09/2020 12h15

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Um documento interno da empresa farmacêutica AstraZeneca descreve os sintomas relatados por uma voluntária que levaram à suspensão nos testes com a “Vacina de Oxford” contra a Covid-19, há cerca de uma semana.

Segundo a reporter Elizabeth Cohen, da CNN, a voluntária é uma mulher inglesa de 37 anos, previamente saudável. Em 3 de setembro, 13 dias após receber uma segunda dose da vacina, ela apresentou sintomas como dificuldade para caminhar, fraqueza e dores nos braços. A primeira dose havia sido administrada dois meses e meio antes.

Dois dias depois do início dos sintomas, em 5 de setembro, ela foi internada. Os médicos diagnosticaram um caso de mielite transversa, uma inflamação na medula espinhal que pode causar dor, fraqueza nos músculos e paralisia.

Uma outra voluntária em uma fase anterior dos testes da vacina da AstraZeneca relatou um efeito colateral similar, mas segundo o Dr. Eliott Frohman, diretor do Centro de Esclerose Múltipla e Neuroimunologia da Universidade do Texas, uma análise revelou que ela tinha esclerose múltipla, não relacionada à vacinação.

Segundo Neurologistas, a mielite transversa é uma doença rara, ocorrendo a uma taxa de 1 caso em cada 250 mil pessoas, e comumente ocorre como resultado da resposta imunológica do organismo a um vírus.

O caso reforça a importância dos testes no desenvolvimento de uma vacina. Às vezes uma condição médica subjacente pode ser “desmascarada” pela resposta imunológica do paciente a uma vacina, resultando em doença, como ocorreu no caso da paciente do esclerose múltipla.

Mas há um fenômeno mais preocupante chamado “mimetismo molecular”, quando uma pequena parte da vacina pode, para nosso sistema imunológico, parecer similar a tecido do cérebro ou medula espinhal, levando a um ataque imunológico a estes órgãos em resposta a um componente da vacina.

A Medicine and Healthcare Products Regulation Agency, agência que controla o desenvolvimento e comercialização de produtos médicos no Reino Unido, e a Anvisa, no Brasil, analisaram o caso e decidiram por permitir a continuidade dos testes. Já o National Institute for Health (NIH), nos EUA, ainda avalia o caso.

Fonte: CNN

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital