Richard Stallman renuncia aos cargos na Free Software Foundation e MIT

Decisão surge após serem tornados públicos o e-mail em que Stallman afirmava que vítimas de Jeffrey Epstein participavam de atos sexuais de forma "inteiramente voluntária"
Redação17/09/2019 12h35, atualizada em 17/09/2019 13h15

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O cientista da computação e defensor do software livre Richard Stallman anunciou nesta segunda-feira (16) que renunciou ao cargo de professor convidado no Laboratório de Ciência da Computação e Inteligência Artificial (CSAIL) do MIT, nos Estados Unidos. A decisão de Stallman ocorre após serem  tornadas públicas afirmações que fizera sobre as vítimas de Jeffrey Epstein, o investidor multimilionário acusado de abusos sexuais a menores, morto em agosto na prisão.

“Estou me demitindo imediatamente da minha posição no CSAIL do MIT”, escreveu Stallman em um e-mail. “Estou fazendo isso devido à pressão sobre o MIT e sobre mim, devido a uma série de mal-entendidos e descaracterizações”.

Ele também renunciou ao cargo de presidente e conselho de administração da Free Software Foundation, organização sem fins lucrativos que fundou em 1985, para promover e apoiar o movimento do Software Livre. Stallman também é conhecido por ter criado o sistema operacional GNU em 1983, bem como por seu trabalho em campanha pelo uso de Software Livre.

A demissão de Stallman ocorre apenas alguns dias após a Motherboard publicar um tópico de e-mail na qual Stallman sugere que “o cenário mais plausível” é que as vítimas menores de idade de Epstein estavam “totalmente dispostas”.

Quando alguém mais comentou que Virginia Giuffre tinha 17 anos quando foi forçada a fazer sexo com o professor do MIT Marvin Minsky, pioneiro em inteligência artificial e fundador do Media Lab, Stallman argumentou que “é moralmente absurdo definir ‘estupro’ de uma forma que dependa de pequenos detalhes, como o país onde ocorreu ou se a vítima tinha 17 ou 18 anos”.

Apesar dos comentários sobre as vítimas, no entanto, Stallman não defende Epstein. Além dos e-mails aos colegas do MIT, desde o começo do ano que o investigador acompanhava as acusações contra o multimilionáiro no site pessoal. “Acho que o termo correto contra Espein é ‘violador em série'”, escreveu em abril de 2019. “Chamar-lhe um ‘criminoso sexual’ é redutor, porque coloca-o com um grupo de tantas outras pessoas que podem ter cometido um grande espectro de atos de diferentes níveis de gravidade. Alguns que não são crimes”.

Há anos, o ativista é conhecido defensor de que a idade legal para consentimento de atos sexuais deveria ser mais baixa nos EUA, onde varia entre 16 a 18 anos, conforme o estado. “Acho que toda pessoa com 14 ou mais anos deve poder participar em atos sexuais, embora não de forma indiscriminada. E há pessoas que estão prontas mais cedo”, escreveu o programador em 2003.

A engenheira de robótica, Selam Jie Gano, foi quem publicou os e-mails de Richard Stallman, justificando a sua decisão com base no fato de que muitos alunos que participam das aulas de Stallman terem, também, 17 ou 18 anos.

A notícia sobre a recente demissão do programador chega em uma patamar em que o Instituto de Massachuttes já é alvo de fortes críticas por ter escondido as origens de dinheiro oriundo de doações feitas por Epstein. Joi Ito, diretor do Media Lab, também renunciou ao cargo de professor e funcionário do MIT um dia após a publicação da reportagem.

Via: CNet/Publico

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital