Reino Unido investiga morte de amigo de Julian Assange na prisão

Brasileiro, que morava na Inglaterra há 20 anos, estava detido na mesma ala que o fundador do WikiLeaks e 'ajudou Julian a ler cartas em português'
Renato Mota04/11/2020 22h43

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Autoridades britânicas estão investigando a morte de um brasileiro que estava detido na mesma ala que o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, na prisão de Belmarsh. Manoel Santos seria amigo do australiano.

Stella Moris, companheira de Assange, comentou no Twitter que ele estaria “devastado”. “Julian quer expressar suas condolências aos amigos e familiares de Manoel. Ele me disse que Manoel era um excelente tenor. Ele ajudou Julian a ler cartas em português. Ele era um amigo”, escreveu.

Ainda de acordo com Moris, Santos vivia no Reino Unido há 20 anos, e teria recebido um aviso de que seria deportado de volta para o Brasil pelo Ministério do Interior, apesar de estar trabalhando em um pedido de fiança. “Julian espera que haja uma investigação sobre a decisão de deportação. Manoel estava em alto risco. Seu suicídio era previsível. Uma investigação sobre seu caso pode prevenir futuros suicídios”, postou.

John Gomez/Shutterstock

Manifestantes se reúnem fora da prisão de Belmarsh, em apoio à Campanha ‘Julian Assange Livre’ no dia da audiência que decidirá extradição do fundador do WikiLeaks. Créditos: John Gomez/Shutterstock

As condições nas prisões do Reino Unido durante a pandemia da Covid-19 também teriam desempenhado um papel na tragédia, segundo Moris. “Os presos são separados de sua rede de apoio, filhos, pais, parceiros. Eles praticamente não têm tempo fora da cela. Muitos não foram condenados, estão sob prisão preventiva ou não são violentos. É desumano. As pessoas perdem a esperança”, escreveu a companheira de Assange.

A Bail for Immigration Detainees, uma organização que ajuda imigrantes presos e que assistia Santos em seu caso, publicou que “muitos dos nossos clientes detidos têm problemas de saúde mental pré-existentes, o que torna esse tratamento particularmente problemático. Continuaremos a nos opor de todas as maneiras possíveis ao regime de deportação automática do Reino Unido e ao uso de prisões para detenção de imigrantes”.

Australiano, Assange enfrenta uma situação semelhante em termos de deportação. Fundador do site WikiLeaks ficou conhecido após publicar vários documentos confidenciais dos EUA sobre abusos do ocorridos durante a guerra do Afeganistão, em 2006.

Assange enfrenta 17 acusações que podem levá-lo a 175 anos de prisão nos EUA.

Via: The Guardian

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital