Reconhecimento facial erra identificação e prende inocente nos EUA

Homem detido ilicitamente só foi libertado após provar que a máquina estava enganada, o que aconteceu um dia após o incidente; ACLU pede que polícia pare de usar tecnologia passível de falhas
Luiz Nogueira24/06/2020 13h49

20190911100332

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Sistemas de reconhecimento facial têm se popularizado ao redor do mundo. No entanto, sua adoção é debatida por muitas pessoas que são contra o risco que essa tecnologia pode representar. Muito se fala sobre invasão de privacidade, mas outra questão importante diz respeito a possíveis erros.

Isso parece ser justamente o que aconteceu nos Estados Unidos em janeiro com Robert Williams, que teve sua foto da carteira de motorista comparada com um vídeo de vigilância de um roubo por um software de reconhecimento facial. O sistema concluiu que eles eram a mesma pessoa, o que ocasionou a prisão do homem.

O indivíduo das filmagens furtava uma loja e foi pego pelas câmeras de segurança do local. No entanto, não se tratava de Robert, o sistema se enganou. Em entrevista, o homem revela que só foi libertado após os policiais reconhecerem que o “computador estava errado”, o que só ocorreu mais de um dia após ser pego pela polícia e levado para a delegacia.

Reprodução

Sistema de reconhecimento facial pode ser responsável por prisão nos EUA. Foto: iStock

A União Americana de Liberdades Civis de Michigan (ACLU) registrou uma queixa junto à polícia da cidade de Detroit. A alegação é que essa é a primeira prisão ilícita ocasionada por uma identificação incorreta de um sistema de reconhecimento facial.

Documentos sobre a prisão mostram que a correspondência com Williams foi originada por meio de uma análise digital da polícia do estado de Michigan, que usa um serviço de correspondência oferecido pela Rank One Computing.

A denúncia da ACLU solicita que a polícia de Detroit pare de usar reconhecimento facial, pois “os fatos do caso Williams demonstram que a tecnologia é falha e que os investigadores não são competentes para fazer uso desse sistema”.

Ainda de acordo com a organização, diretrizes separadas da polícia do estado de Michigan não devem ser usadas como base para uma prisão. Além disso, não está claro se a polícia teve provas adicionais antes de prender Williams, que é negro, na frente de sua esposa e das duas filhas.

A polícia já usou sistemas de reconhecimento facial em condenações, mas ativistas alegam que são necessárias maiores precauções para mitigar questões de incompatibilidades relacionadas a indivíduos negros.

No início deste mês, a Microsoft e Amazon interromperam a venda de sistemas do tipo para a polícia. Isso ocorreu após protestos em todo o país que exigiram o fim de leis que visam acusar injustamente afro-americanos e outras minorias.

Via: Reuters

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital