Nesta quarta-feira, 12, serão revelados os primeiros sucessores do iPhone X, smartphone que a Apple lançou em 2017 na comemoração dos dez anos da primeira versão do celular. E assim como o primeiro modelo, o X (pronuncia-se “dez”) também deixou um impacto na indústria da tecnologia que se vê até hoje.

O lançamento do iPhone X, exatamente um ano atrás, foi apoiado em três pilares principais: uma “tela infinita” que ocupa mais espaço da parte frontal (deixando um desajeitado entalhe), reconhecimento facial e Animojis. Os três recursos viraram tendência no mundo todo e aparecem em cada vez mais smartphones concorrentes.

Começando pela tela com notch. Vale lembrar que, embora a Apple seja muitas vezes creditada como criadora dessa tendência, ela apenas popularizou uma ideia que já existia antes. O Essential Phone, primeiro celular feito pela nova empresa de Andy Rubin, o criador do Android, introduziu um recorte no topo do display bem antes do iPhone X.

Ainda assim, a imagem daquela “franja”, como ficou conhecido o entalhe, ganhou mais destaque depois que a Apple abraçou o novo design. Os primeiros a acompanhar a Maçã na ideia foram os chineses. Marcas como Vivo e Oppo, além das gigantes OnePlus, Xiaomi e Huawei, todas têm smartphones que copiaram o notch do iPhone X. Mais recentemente, até a Motorola, a Asus e a LG, mais conhecidas do mercado brasileiro, também se renderam ao entalhe no display.

Cada fabricante tem seus motivos para aderir à tendência. A OnePlus, por exemplo, antes mesmo de lançar o OnePlus 6 com notch, resolveu explicar a decisão de colocar um recorte na tela dizendo que a ideia é aumentar o espaço que o display ocupa da parte frontal do aparelho sem sacrificar a câmera frontal e a saída de áudio do telefone.

“O tamanho do notch sempre depende das escolhas que a empresa faz”, disse Carl Pei, porta-voz da OnePlus, ao The Verge, na época. O argumento dele é de que todas as fabricantes teriam de fazer o mesmo mais cedo ou mais tarde. A Apple apenas “abriu a porteira” da indústria e tornou a mudança mais aceitável.

Reconhecimento facial

Reprodução

O notch do iPhone X serve para armazenar os recursos do sistema TrueDepth. Trata-se de um conjunto que inclui uma câmera infravermelha, uma espécie de flash LED e um projetor de pontos invisíveis. Tudo isso serve para criar um molde 3D do rosto do usuário e, com isso, desbloquear o iPhone por meio do Face ID.

Depois que a Apple trocou o Touch ID por esse novo método de autenticação, o desbloqueio facial virou moda entre concorrentes com sistema Android – embora não fosse exatamente uma novidade. O Android possui suporte a desbloqueio por reconhecimento facial desde 2011, mas ele é bem mais rudimentar e menos seguro do que o Face ID do iPhone X.

Na falta de todos os sensores do TrueDepth, as concorrentes da Apple começaram a colocar mais etapas de segurança ao antigo método. Em setembro de 2017, por exemplo, a LG trouxe ao Brasil o Q6 e o Q6+. Nenhum dos dois tinha leitor de impressões digitais, mas tinham reconhecimento facial.

No entanto, há relatos de que o recurso é bem mais lento, menos intuitivo e menos seguro do que o Face ID do iPhone X. O mesmo aconteceu com celulares da Motorola, como o Moto Z3 Play, que também chegaram ao Brasil prometendo desbloqueio por reconhecimento facial.

A Huawei prometeu em novembro do ano passado que estava produzindo um sistema de reconhecimento facial superior ao da Apple, com direito aos mesmos sensores que a Maçã utiliza. Até hoje, porém, a empresa chinesa não lançou um celular com essa tecnologia. Nem nenhuma outra concorrente. O mais próximo que já chegaram foi o sensor de íris da Samsung.

Animojis

Reprodução

Por fim, outra “inovação” do iPhone X que caiu nas graças da concorrência foram os Animojis. O recurso usa o sensor de profundidade do celular para reproduzir as expressões faciais do usuário na forma de um emoji animado. Não demorou até que a Samsung adotasse uma funcionalidade semelhante: os AR Emojis.

Eles funcionam basicamente da mesma forma que os Animojis, mas com um grande diferencial: você pode criar uma animação baseada nas suas feições pela câmera do Galaxy S9, Note 8 ou Note 9. Mas quem experimentou garante que os AR Emojis são bem inferiores aos Animojis.

A maioria das análises do celular da Samsung, inclusive do Olhar Digital, concorda que o resultado raramente representa o usuário de forma que ele consiga se identificar com o seu emoji. “Nos meus testes, por exemplo, o S9 foi incapaz de reconhecer minha barba, que é talvez o aspecto mais marcante do meu rosto”, escreveu meu colega Renato Santino à época.

A Asus também surfou em mais essa tendência. Com o Zenfone 5, a empresa estreou os Zenimojis, que funcionam basicamente da mesma forma: com a câmera frontal, o celular reproduz sua expressão facial na forma de uma animação. No Brasil, o recurso ganhou até personagens da Turma da Mônica.

Indo além

Muitas empresas, além de copiarem o iPhone X, também foram além do que a Apple fez com seu smartphone. A companhia sacrificou o leitor de digitais para ampliar os limites da tela, mas muitas fabricantes já conseguem colocar o sensor integrado à tela, por exemplo.

Além disso, já tem empresa vendendo smartphone sem bordas e sem notch, apostando em câmeras retráteis, como a Vivo e a Oppo. Sem falar nos aplicativos que pipocam no Google Play e que reproduzem no Android muitos dos recursos outrora “exclusivos” do iPhone X.

Diante do lançamento de novos iPhones, o mercado volta seus olhos para o que a Apple está produzindo para 2018 e já se prepara para reaproveitar algumas dessas novidades. Mas copiar concorrentes não é pecado. Steve Jobs, o fundador da Apple, já deu seu aval para a prática.

“Picasso dizia que ‘bons artistas copiam, grandes artistas roubam'”, disse Jobs numa entrevista em 1996. “E nós nunca tivemos vergonha de roubar grandes ideias”. Se a Apple pode, por que a concorrência não?