*A matéria foi atualizada com o posicionamento da Uber em relação ao caso
Não é a primeira vez que os aplicativos de delivery se envolvem em polêmicas relacionadas aos colaboradores, na mais recente, um entregador morreu enquanto prestava serviços à Rappi no último dia 8. A história viralizou nas redes, e nesta quarta-feira (17), a Rappi e a Uber foram notificadas pela Fundação Procon – SP para prestar esclarecimentos ao órgão público em até 72 horas sobre o caso.
Thiago Jesus Dias, 33, estava fazendo uma entrega quando teve um AVC. Os donos do pedido tentaram entrar em contato com a Rappi durante o mal subido, mas nenhuma medida urgente foi tomada. Um carro do Uber ainda foi chamado para levar o homem ao hospital, mas o motorista recusou a viagem. Thiago não resistiu e morreu horas depois.
A Uber está sendo chamada para identificar o motorista que se recusou a prestar socorro e que, segundo o Procon, “determinou a retirada da vítima já em estado de iminente perigo de seu veículo”. O órgão também quer informações se o funcionário avisou alguém do app sobre o caso e se houve algum tipo de punição.
Já a Rappi tem um longo questionário a ser respondido, informações de como o app assegura o funcionamento dos serviços de entrega, em quais condições são realizadas as entregas, políticas de remuneração dos entregadores e exames prévios de saúde para o início das atividades como entregador foram solicitados. Por fim, a Rappi deve esclarecer por que não tomou nenhuma medida para socorrer Thiago.
Em comunicado, o app diz lamentar “profundamente” a morte de Thiago e afirmou ter criado um “botão de emergência para os entregadores, no qual poderão acionar diretamente o suporte telefônico da Rappi ou autoridades competentes”.
Posicionamento da Uber
Registramos inúmeros casos em que, utilizando o aplicativo da Uber, motoristas parceiros levaram pessoas a hospitais e unidades de pronto atendimento. No entanto, é imprescindível esclarecer que a plataforma não substitui nem deveria substituir os serviços de emergência. Casos dessa natureza demandam atendimento especializado, com veículos e profissionais com preparação adequada. Por isso, em caso de necessidade, recomendamos que sejam acionados os canais de emergência apropriados, que têm o dever de prestar o socorro demandado de forma qualificada. No caso específico do entregador Thiago, inclusive, todos os relatos divulgados até o momento apontam que os serviços de emergência já tinham sido acionados muito antes.
Motoristas parceiros não são profissionais de saúde capacitados a avaliar o estado das vítimas nem dominam os protocolos desse segmento para cada caso, e os veículos utilizados no transporte via app não são adaptados para substituir ambulâncias. Inclusive, realizar o transporte de vítimas em substituição ao serviço de emergência é muitas vezes desestimulado por especialistas em razão da possibilidade de agravamento do quadro de saúde do paciente. Nos manuais de primeiros socorros – como o da FioCruz, que trata de acidentes, por exemplo – destaca-se a necessidade de, no atendimento, se atuar para “prevenir danos maiores”, e recomenda-se “Não tentar transportar um acidentado ou medicá-lo. O profissional não médico deverá ter como princípio fundamental de sua ação a importância da primeira e correta abordagem ao acidentado, lembrando que o objetivo é atendê-lo e mantê-lo com vida até a chegada de socorro especializado, ou até a sua remoção para atendimento.” Suspeita de infarto ou AVC também estão listados entre os motivos para acionar o resgate no próprio site do SAMU.
Por fim, a Uber esclarece que os motoristas parceiros são independentes e autônomos. Eles contratam o aplicativo para gerar renda e têm autonomia para decidir quando ficam online e, assim como os usuários, têm a prerrogativa de cancelar qualquer solicitação de viagem, desde que respeitados os Termos & Condições e Código de Conduta do aplicativo.
Fonte: UOL