‘Pinguins gigantes’ viviam no hemisfério norte, diz estudo

Animais tinham até 2 metros de altura e a aparência, e comportamento, de pinguins, mas eram de espécie completamente diferentes
Rafael Rigues06/07/2020 14h22

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Em 2019, cientistas determinaram que uma espécie de pinguim gigante, com até 1,6 metro de altura, habitou a Nova Zelândia no período Paleoceno, entre 66 e 56 milhões de anos atrás. Agora, novas descobertas apontam que o hemisfério sul não era o único habitat do “pinguinzilla”: uma ave muito similar, e até maior, também vivia no hemisfério norte.

Um novo estudo baseado em fósseis encontrados nos EUA e Japão apontam a presença de animais da família dos plotopterídeos na região. Estas aves surgiram entre 37 e 34 milhões de anos atrás e habitaram nosso planeta por 10 milhões de anos. Eram incrivelmente parecidas com os pinguins, mas não eram pinguins.

“Estes pássaros evoluíram em hemisférios diferentes, separados por milhões de anos, mas à distância você teria dificuldade em separá-los”, diz o diz Paul Scofield, zoólogo curador do Museu de Canterbury, na Nova Zelândia, e um dos autores do estudo.

“Os plotopterídeos se pareciam com pinguins, nadavam como pinguins, provavelmente se alimentava como pinguins, mas não eram pinguins”, afirma.

Entre as semelhanças anatômicas estão o bico comprido, com uma narina alongada, e ossos similares nos ombros, peito e asas. Entretanto, estes animais podiam ser ainda maiores que o pinguinzilla neozelandês, com algumas espécies chegando aos dois metros de altura.

Apesar de terem pés com nadadeiras, como os pinguins, evidências sugerem que os plotopterídeos usavam as asas para se impulsionar debaixo d’água, algo que é incomum nas aves aquáticas atuais.

“Acreditamos que tanto os pinguins quanto os plotopterídeos tinham ancestrais voadores, que mergulhavam na água para buscar comida. Com o tempo estes ancestrais se tornaram melhores em nadar do que voar”, diz outro autor do estudo, o ornitólogo Gerald Mayr, do Senckenberg Research Institute e Museu de História Natural de Frankfurt, na Alemanha,

As semelhanças entre os dois grupos são um bom exemplo de “evolução convergente”, quando espécies diferentes evoluem características similares em resposta a ambientes ou estilos de vida similares. Exemplos são a raposa-vermelha europeia, um canídeo (parente dos cães e lobos), e o extinto lobo-da-tasmânia, um marsupial (parente dos cangurus).

Mais estudos serão necessários para entender por que os plotopterídeos se tornaram extintos, enquanto os pinguins continuam entre nós.

Fonte: Science Alert

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital