Pesquisa brasileira cria lente mais fina do que um fio de cabelo

A 'metalente' criada na Universidade de São Paulo pode registrar imagens em um ângulo de até 180 graus sem distorção
Renato Mota24/08/2020 21h55

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Muito das limitações dos dispositivos atuais se deve pelo desafio da miniaturização: fazer com que mais recursos caibam num menor espaço. Uma novidade neste campo pode estar vindo aqui mesmo do Brasil, onde pesquisadores desenvolveram uma lente plana mil vezes mais fina do que um fio de cabelo.

O projeto foi feito na Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP), e pode ser usado como lente fotográfica em smartphones ou outros dispositivos que dependam de sensores. Constituída por uma única camada de silício, a lente conta com nanopostes que interagem com a luz.

“No contexto tecnológico atual, suas aplicações são quase ilimitadas”, explica à Agência FAPESP o professor do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação da EESC-USP, Emiliano Rezende Martins, um dos coordenadores da pesquisa quer foi publicada revista científica ACS Photonics.

A pesquisa avança sobre o desenvolvimento de “metalentes” – superfícies nanoestruturadas que imitam a funcionalidade de elementos ópticos para tentar possibilitar uma máxima resolução no menor componente possível. O projeto brasileiro compôs uma metalente formada por estruturas complexas para aumentar o seu ângulo de visão, que normalmente é inferior a um grau de circunferência.

“Nossa lente tem um campo de visão arbitrário, que idealmente pode chegar a 180 graus sem distorção da imagem. Já testamos sua efetividade para um ângulo de 110 graus. A partir dessa abertura, a energia da luz diminui devido ao efeito de sombra. Mas isso pode ser corrigido por meio de pós-processamento”, garante Martins.

A equipe da EESC-USP construiu uma câmera adaptada, por meio de impressão 3D, para testar a nova lente. “Por enquanto, só conseguimos fotografar em verde. Mas, nos próximos meses, vamos aprimorar a lente, para que todas as cores sejam viabilizadas”, completa o coordenador.

Via: Agência Fapesp

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital