O governo de São Paulo anunciou em coletiva nesta quarta-feira (15) que os ventiladores mecânicos Inspire, desenvolvido por pesquisadores da USP, foram aprovados nos testes e começarão a ser usados no Instituto do Coração (Incor) para tratar pacientes intubados com Covid-19.
O projeto nasceu diante da dificuldade de adquirir equipamento em um momento em que o mundo todo disputava o equipamento, inflacionando preços e criando escassez no mercado. O Inspire, no entanto, tem baixo custo de produção e permite abastecer o mercado nacional, reduzindo a dependência de importação.
Segundo os pesquisadores, cada unidade do Inspire pode ser produzida em questão de duas horas, ao custo de cerca de R$ 4.400. Para referência, um equipamento comercial similar poderia custar até 10 vezes mais. Inicialmente, no entanto, o projeto previa um preço de R$ 1.000, mas a quantia era referente a um modelo muito mais simples, que não atendia a todos os requisitos seguidos pela nova versão.
A produção ficará por conta do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo, que é ligado à USP. A estimativa é de que a capacidade de produção seja de dez unidades por dia, com os dez primeiros aparelhos para uso do Incor dez aparelhos para uso a partir da quinta-feira (16). O aparelho já havia sido aprovado em testes e agora enviou as explicações finais à Anvisa e só aguarda seu aval para iniciar a produção em grande escala.
Segundo o professor Raul Gonzalez Lima, da Poli-USP, e que coordenou o desenvolvimento do Inspire, a agilidade na criação da tecnologia se deu graças a um esforço coordenado de diversas unidades da universidade, resultando de uma pesquisa de 20 anos na área pulmonar. Ele também menciona a participação de empresas parceiras e doadores, que contribuíram com R$ 7 milhões para o desenvolvimento do equipamento.
O Inspire chega em um momento de estabilização da pandemia em São Paulo. O estado tem visto números regulares de casos e óbitos, com a região metropolitana apresentando um quadro de melhora enquanto a Covid-19 se agrava no interior do estado. O governo tem usado a disponibilidade de leitos hospitalares como referência para definir quais áreas podem reabrir gradualmente a economia dentro do Plano SP, então a ampliação da quantidade de ventiladores pulmonares pode ajudar a acelerar essa retomada.