O sono sempre foi uma necessidade física, mas desde que estudos apontaram seu valor biológico, inúmeros aparelhos e aplicativos se prontificaram para oferecer rastreamento do descanso de seus clientes. Afinal, cada vez mais a hora de dormir se tornou um remédio gratuito e universal contra o Alzheimer, Burn Out e outras doenças neurodegenerativas ou associadas a falta de repouso.
Essa preocupação com o descanso levou, cada vez mais, empresas a desenvolverem recursos que prometem índices para autodiagnóstico. São inúmeras opções disponíveis no mercado para o monitoramento do sono: smartwatches, pulseiras inteligentes, aplicativos e sensores que oferecem gráficos e relatórios detalhados sobre o quanto você está dormindo.
Assim, otimizar o sono deixou de ser uma tarefa do dia a dia e tornou-se um hábito de consumo e de eficiência. Enquanto só em 2016 o mercado global de rastreamento do sono chegou a US$ 1 bilhão, cerca de R$4,2 bilhões; estima-se que nos próximos quatro anos o valor aumente 18%.
Porém, a preocupação excessiva com o sono traz mais ansiedade e um novo distúrbio de sono, chamado pelos cientistas de ortossonia. Com origem grega, a palavra mistura “correto” com “sono”, e é uma condição em que a ansiedade causada pelas métricas induz a insônia.
“A correlação inferida dos pacientes entre os dados do rastreador do sono e a fadiga diurna pode-se tornar uma busca perfeccionista”, afirmam pesquisadores das universidades Northwestern e Rush. A criação do termo ocorreu após a análise de três casos em que os pacientes confiavam mais nas métricas de seus rastreadores do que na opinião de especialistas.
Em um dos casos, uma mulher de 27 anos insistiu que não estava dormindo bem mesmo quando seus prontuários médicos indicavam o contrário. “Então por que o meu Fitbit diz que estou dormindo mal?”, perguntou.
Via: Wired