Para entender o clima, pesquisadores analisam ‘ar mais puro’ do mundo

A partir de amostras colhidas no Oceano Antártico, cientistas puderam entender as formação de nuvens na região - e encontraram um dos ambientes mais primitivos da Terra
Renato Mota24/06/2020 22h40

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O Oceano Antártico é um grande regulador da temperatura global. Suas águas circundam todo o  Hemisfério Sul do planeta afetando correntes oceânicas e influenciando até a chuva nos trópicos. Apesar de ser região mais nublada na Terra, a verdade é que a formação das nuvens sobre o continente nunca foi devidamente estudada.

Essa “negligência” tem explicação. A Antártica oferece desafios por si só, sendo um dos ambientes mais inóspitos do planeta. E por causa dessa falta de dados, modelos de computador que simulam climas atuais e futuros seguem modelos criados para prever o clima do Hemisfério Norte – radicalmente diferente em sua dinâmica.

Para descobrir o que realmente está acontecendo nas nuvens sobre o Oceano Antártico, um grupo de cientistas atmosféricos coletou amostras do ar da região, e encontrou características únicas. O “ar mais limpo do mundo” quase não contém partículas da terra, sendo formada quase que exclusivamente de partículas marinhas.

Na falta de outros tipos de partículas (como poeira e pólen) pesquisadores mapeiam o DNA das bactérias encontradas no ar para entender como e onde as nuvens se formam. A atmosfera está cheia de microrganismos que são transportados centenas a milhares de quilômetros nas correntes de ar.

Na maioria das regiões oceânicas, especialmente no Hemisfério Norte, onde há muita terra, o ar contém partículas marinhas e terrestres. No caso do Oceano Antártico, os cientistas ficaram surpresos ao encontrar exclusivamente bactérias de todas as espécies marinhas que vivem nos mares, e quase nenhuma bactéria terrestre.

Se as bactérias vinham do oceano, o mesmo ocorria com as partículas formadoras de nuvens. Esses dados explicam a natureza das nuvens na região, formadas mais por gotículas líquidas do que por gelo, bem diferente do que os modelos construídos com dados do Hemisfério Norte previam.

“Descobrir que as partículas transportadas pelo ar sobre o Oceano Antártico são provenientes principalmente do oceano é uma descoberta notável. Além de melhorar os modelos climáticos globais, também confirmamos que o Oceano Antártico é uma das regiões ambientalmente mais primitivas da Terra – um lugar que provavelmente mudou muito pouco devido às atividades humanas”, explicam os pesquisadores em um comunicado oficial.

Via: Live Science

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital