Os gigantescos incêndios que queimam partes da Austrália há meses podem alterar padrões climáticos globais e causar efeitos duradouros, e catastróficos, em partes distantes do mundo.
Segundo pesquisadores, vários fatores causam preocupação. Um deles é o calor: O bem conhecido El Nino é um fenômeno recorrente que é causado pelo aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico, que perturba a circulação atmosférica e causa alterações climáticas em todo o mundo. Da mesma forma, o aquecimento da atmosfera causado pela imensa extensão dos incêndios australianos pode causar alterações nunca vistas, para as quais não temos parâmetros de comparação.
A poluição atmosférica é outro ponto preocupante. Os incêndios causam a formação de um tipo de nuvem chamado Pyrocumulonimbus, que além de desencadear tempestades de raios e rajadas de vento localizadas, que espalham as chamas, também agem como uma chaminé, sugando fumaça e cinzas e levando-as para o topo da atmosfera.
De forma similar ao que ocorre durante uma erupção vulcânica, estas partículas podem persistir na atmosfera durante meses e, levadas por correntes de vento, chegar a outras partes do globo como a América do Sul. Nem todas as partículas se comportam da mesma forma: enquanto alguns tipos refletem a luz solar, podendo causar uma redução de 1,5 a 7ºC na temperatura da superfície, outros como a fuligem absorvem energia, causando um aumento da temperatura na região.
Por fim, um terceiro fator é a enorme quantidade de gás carbônico (CO2) liberada na atmosfera durante os incêndios, que contribui para o aquecimento global. De acordo com estimativas, por causa deles as emissões de carbono na Austrália durante o ano de 2019 podem ser o dobro do ano anterior.
Fonte: Inverse