O aumento de preços da Netflix está muito acima da inflação

Inflação acumulada no período fica bem abaixo dos novos valores para os planos do serviço
Renato Santino14/03/2019 21h13

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A Netflix anunciou nesta quinta-feira, 14, um aumento na mensalidade de sua plataforma de streaming pela primeira vez de 2017. O reajuste chega a até R$ 8 por mês dependendo do plano escolhido pelo consumidor, mas é quando olhamos os percentuais dos reajustes que vemos algumas coisas interessantes.

Vamos levar em consideração para este texto o IPC-A (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o índice que mede a inflação acumulada em um determinado período. Entre junho de 2017, quando foi anunciado o último reajuste da Netflix, e fevereiro de 2019, o último mês a ter seu índice de inflação aferido, a inflação acumulada ficou em cerca de 6,10%.

É interessante notar que todos os reajustes estão consideravelmente acima desse índice:

Plano

Preço antigo

Preço novo

Reajuste

Básico

19,90

21,90

10,05%

Padrão

27,90

32,90

17,92%

Premium

37,90

45,90

21,10%

E se a Netflix reajustasse os preços seguindo apenas o IPC-A?

Plano

Preço antigo

Preço seguindo o IPC-A

Básico

19,90

21,10

Padrão

27,90

29,60

Premium

37,90

40,20

O curioso é que em 2017, quando houve o último aumento, o Olhar Digital também observou a questão da inflação. O reajuste anterior havia sido dois anos antes, em 2015, e a inflação acumulada era de 12,36% no período, mas o aumento de preços tanto para o plano padrão quanto para o premium ficou acima de 20%.

E se o preço da Netflix seguisse apenas a inflação desde 2015? Neste caso, a inflação acumulada entre junho de 2015 (quando foi anunciado o aumento) e fevereiro de 2019 é de 23,40%. Confira como ficariam os preços:

Plano

Preço em 2015

Preço atual com IPC-A desde 2015

Básico

16,90

20,85

Padrão

19,90

24,55

Premium

26,90

33,20

É claro também que existem outros fatores para justificar o aumento de preço que vão além da inflação. De lá para cá, a Netflix começou a investir pesadíssimo na produção de conteúdo original, e isso tem um custo, que acaba repassado para o consumidor. A empresa gastou US$ 12 bilhões na produção de conteúdo próprio ao longo de 2018, e a estimativa dos analistas de mercado é que esse valor possa subir para US$ 15 bilhões em 2019. Também é necessário notar que, de lá para cá, a Netflix também passou a ser tributada com o ISS no Brasil, o que provavelmente ajuda nos reajustes acima da inflação, ainda que a empresa tenha prometido que não repassaria esse custo ao consumidor.

A justificativa oficial da empresa para o reajuste é simples. “Mudamos nossos preços de tempos em tempos para continuar investindo no melhor do entretenimento, além de melhorar a experiência da Netflix para nossos membros no Brasil”, disse a Netflix em comunicado.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital

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