Músicos pedem proibição do uso de reconhecimento facial em shows

Segundo o grupo de direitos digitais Flight for the Future, uso da tecnologia em shows representa uma 'forma de vigilância excepcionalmente perigosa' para os fãs
Luiz Nogueira11/09/2019 12h51

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A tecnologia de reconhecimento facial tem se tornado bastante popular. Devido a sua evolução, já é possível desbloquear o smartphone usando o método, e até realizar pagamentos em lojas apenas usando o rosto. Mesmo com a adoção do método sendo cada vez mais frequente, algumas pessoas acreditam que ela pode representar um perigo para as pessoas.

Tom Morello, ex-membro do Rage Against The Machine, e a banda Speedy Ortiz se juntaram à campanha do grupo de direitos digitais Flight for the Future, que tem como objetivo impedir que empresas usem o sistema de reconhecimento facial como uma alternativa para o uso de ingressos para eventos.

Eles argumentam que essa tecnologia pode ser usada para atingir diretamente os fãs de música. Em um tuíte, Tom Morello disse: “Eu não quero um Big Brother nos meus shows alvejando fãs por assédio, deportação ou prisão. É por isso que estou participando desta campanha pedindo ao @Ticketmaster e outros que não usem #reconhecimentofacial em festivais e shows”.

O grupo Flight for the Future acrescentou: “Os fãs de música devem se sentir seguros e respeitados em festivais e shows, não sujeitos a vigilância biométrica invasiva. O reconhecimento facial é uma forma de vigilância excepcionalmente perigosa. Permite o monitoramento onipresente de toda uma multidão e pode ser facilmente usado para identificar fãs com posse de drogas, com alguma pendência de imigração ou com mandados de prisão.”

O alvo principal da campanha é a empresa Live Nation, promotora de eventos, que anunciou em maio de 2018 que, para os fãs não usarem ingressos, estava se unindo à Blink Identity, que usa tecnologia para escanear o rosto das pessoas na entrada dos locais de concerto.

O uso de reconhecimento facial

Embora a adoção desse sistema indique a redução de filas, houve alguns problemas envolvendo o uso dessa tecnologia no passado. Durante um show da cantora Taylor Swift em 2018, o sistema foi utilizado para identificar perseguidores – os famosos stalkers. Na China, um homem foi preso por crimes financeiros durante um show de um popular astro do país.

No Brasil, durante o carnaval deste ano, um sistema de reconhecimento facial composto por 28 câmeras foi instalado nas ruas de Copacabana, no Rio de Janeiro. A tecnologia foi responsável por identificar quatro criminosos que estavam com mandados de prisão em aberto.

Entretanto, usando o mesmo sistema no Rio, uma mulher foi identificada e presa por engano após o sistema de reconhecimento facial, que usa inteligência artificial, identificá-la como sendo uma criminosa condenada em junho a sete anos de prisão por homicídio e ocultação de cadáver.

Reprodução

Proibições

Atualmente, nos Estados Unidos, três cidades possuem leis que impedem o uso de reconhecimento facial em seu território. Oakland, que foi a última cidade a votar pela lei, se une a São Francisco, na Califórnia, e Somerville, Massachusetts, que aprovaram medidas semelhantes no início deste ano.

Mesmo com as recentes proibições em cidades dos EUA, a legislação federal tem evitado tratar a questão. Em julho deste ano, a Câmara dos Deputados dos EUA realizou uma audiência para tratar sobre questões de segurança que envolvem o reconhecimento facial, mas não houve um acordo sobre sua regulamentação.

Via: BBC

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital