Uma mulher de 66 anos nos EUA pode ser a primeira pessoa na história a ter sido curada do vírus HIV sem um tratamento específico para isso. A descoberta foi feita por uma equipe de pesquisadores baseada nos EUA e publicada na revista científica Nature.
Loreen Willenberg foi infectada com o HIV em 1992, e já era conhecida no meio científico por seu organismo ter suprimido o vírus por décadas após a infecção. Só duas outras pessoas no mundo, o norte-americano Timothy Brown e o venezuelano Adam Castillejo, foram consideradas curadas do HIV, após se submeterem a um arriscado procedimento que envolve quimioterapia, radioterapia (no caso de Brown) e transplante de medula óssea.
Quando infecta o organismo, o vírus HIV se insere no genoma do paciente e ordena as células a produzir cópias de si mesmo. Em algumas pessoas, com o tempo o sistema imunológico começa a “caçar” e destruir as células ativamente ocupadas pelo vírus. As que sobrevivem têm o vírus “encurralado” em regiões do genoma onde ele não pode se reproduzir, diz a Dra. Xu Yu, autora sênior do estudo e pesquisadora do Instituto Ragon em Boston, nos EUA.
O estudo analisou o que é chamado de “controladores de elite”, um grupo de 1% dos pacientes com HIV que consegue manter o vírus sob controle sem o uso de medicamentos antiretrovirais. Estes pacientes vêm sendo exaustivamente estudados em busca de pistas de como controlar a infecção.
No estudo, a Dra. Yu e seus colegas analisaram 1,5 bilhões de células sanguíneas da Sra. Willenberg e não encontraram sinais do vírus, mesmo usando técnicas sofisticadas que podem apontar sua localização dentro do genoma. Milhões de células do abdômen, reto e intestino também foram analisadas, novamente sem sinais do vírus.
Pesquisas atuais em busca da cura do HIV focam em destruir todos os vírus ocultos no genoma. O novo estudo oferece uma solução mais acessível: se o vírus se mantiver apenas em partes onde não pode se reproduzir, o paciente pode atingir uma “cura funcional”.
Outras onze pessoas no estudo, chamadas de “controladores excepcionais”, também tinham o vírus apenas em partes tão remotas do genoma que sua replicação se torna impossível.
Cerca de 10 por cento das pessoas que recebem tratamento antiretroviral, especialmente as que começam logo após serem infectadas, também conseguem suprimir ativamente o vírus mesmo após deixar de tomar os medicamrentos. Segundo os especialistas, um mecanismo similar pode estar em ação.
Desde que completaram o estudo, os pesquisadores analisaram amostras de mais 40 controladores de elite e encontraram “mais alguns” que podem ser qualificados como curas, disse a Dra. Yu. “Acreditamos que definitivamente há mais deles por aí”.
Fonte: The New York Times